terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Tirana

Cale-se, e jamais você conhecerá a liberdade. Fale, e ainda mais dela você se afastará. Não há um devir seguro para a liberdade; essa triste ilusão a alimentar os anseios de cada homem e de cada mulher.
Fractais de devires, plenos de redundâncias. Eternas redundâncias.
Liberdade! Doce, enquanto promessa insubmissa. Feroz, enquanto aniquiladora de sonhos. Porque, ilusão e sonhos não são duradouros enquanto manifestação real. E o que é real?
Câmara ardente das subjetividades, cujo ato contínuo é cremar as ilusões e os sonhos. A Linguagem, sim, a linguagem é a eterna tirana de todos os homens. É a câmara ardente a consumir o devir de todo homem.
Cale-se, ou fale! Nunca haverá o encontro definitivo com a liberdade.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Cinzas! Pra que cinzas, se já o somos?

Eu me calo. Hoje eu me calo!
Não. Não seja porque não tenha nada a dizer, pois que o tenho.
É que antecipo para hoje o meu porre de quarta-feira de cinzas. E então, me calo.

domingo, 26 de fevereiro de 2006

Num domingo ofuscante de tanto sol

Que tédio descomunal. Isso, em pleno domingo de carnaval.
Penso em toda aquela gente, sacolejante, foliã, atrás de um trio elétrico.
E gente que, provavelmente, ainda se arrasta bamboleante pelas avenidas, aos solavancos de uma bateria de samba e outros ritmos quaisquer, talvez na busca desesperada pelo último trago na taça da ilusão.
É como esperar num ramo alto à luz do sol pelo odor dos corpos em movimento e, então, mergulhar em fuga nos subterrâneos devaneios da alma angustiada. Quem sabe, na busca do reverso de um canto alucinante; reverso que nunca vem. Metáforas, enfim.
E eu? Busco uma fuga implausível em Mil Platôs, de Gilles Deleuze, cuja densidade me absorve por inteiro.
Há tédio que resista?

sábado, 25 de fevereiro de 2006

Pois é!

Precisei ir ao Colégio da minha cidade. A diretora, disseram-me, estava ocupada resolvendo um problema com alguns alunos. Seguiram-se intermináveis e entediantes minutos.
Por fim, quatro alunos passaram por mim na sala de espera.
- Olá, professor!
- Já vi essa cena antes. - Respondi. Sorriram, e foram adiante.
Três deles são velhos conhecidos meus, ex-alunos, assíduos freqüentadores das salas da Direção e da Equipe Pedagógica. Nunca por mim para ali encaminhados. São garotos legais, geniais, que dificilmente cometerão delitos sérios. Provavelmente não estejam na escola dos seus sonhos, ou das necessidades dos sonhos dos garotos de agora.
Até ser atendido, fiquei pensando: Esses garotos! Vivem surfando as ondas vertiginosas do ciberambiente. Navegam, turbinados, pelas incríveis vias internáuticas. Ou será internéticas? São construtores de um novo saber, e agentes ativos da cibercultura em formação.
As escolas? pensei. A maioria, talvez, estejam desesperadamente agarradas no dorso lento e quase rastejante da gigantesca tartaruga do ensino público.
E talvez alguém diga que, de longe, não é bem assim.
Assim pensei.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Poxa!

Ontem, um homem passava por minha rua, embriagado. Tanto, que veio a cair bem em frente da minha casa. Sem ajuda não conseguiria se levantar.
Disseram-me, mais ou menos, onde ele morava.
Apesar dos seus embriagados protestos, eu o ajudei a se levantar e, sustentando-o, procurei levá-lo à sua casa. Perguntando, a encontrei.
A mulher que me atendeu foi logo dizendo: - O senhor se preocupou em trazer esse traste? Não faça mais isso não!
Sequer olhou para o homem. Indicou-me um canto qualquer da varanda, e disse-me:
- Coloque ali.
Deu meia volta, entrou na casa, e fechou a porta.
Poxa!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

O tempo

Há chuva lá fora? Não sei. Mas, deveria ter. Tudo está tão seco. Onde está a água que brota das nuvens?
A moça do tempo, na TV, deveria, pelo menos hoje, dizer, com um sorriso: - Hoje o tempo está bom. Muito bom! Está chovendo!
Às vezes eu me vejo a perguntar: por que será que a moça do tempo só vê tempo bom quando só há sol?
Talvez ela fique fechada, enclausurada na redação da TV, e sonha com o tempo bom da praia. Quando sai para a rua, rua alagada e carros flutuando. Aí, então, ela deve pensar que o tempo assim não é bom. E se esquece que mora num lugar cuja terra está coberta com uma mortalha de concreto e asfalto. Isso é bom?
Ela deveria ver os canteiros de flores e o macio gramado dos jardins da minha cidade. Ela deveria ver as plantações de trigo, milho, soja. Deveria ver os pastos do gado leiteiro. Tudo pedindo água. Daí, quem sabe, ao perceber que faz muito tempo que não chove, e ver que tudo isso clama por chuva, quem sabe, um dia ela diria: - Éh! Há muito sol. Há muitos dias que não chove. O tempo não é bom!

domingo, 19 de fevereiro de 2006

A minha cidade



Câmara de vereadores






Desse lugar sai o exemplo de que é possível o fazer político com responsabilidade, e compromisso com o coletivo. Em seu plenário, e em pouco mais de uma década, homens e mulheres aqui exerceram e exercem os seus mandatos. E o fizeram vivenciando as emoções e paixões próprias da humanidade, da política, e das relações partidárias. São homens e mulheres que o fizeram, e o fazem, com honra, com dignidade e com ética, tendo como princípio único o de dar curso aos interesses coletivos.
É um exemplo. Esse tipo de política aqui praticado, mostra às Assembléias Estaduais, à Câmara e Senado Federal, que é possível um fazer político que esteja acima de interesses pessoais, regionais e partidários.
O que aqui se faz contribui, e muito, para que este município seja um lugar de paz.
 Posted by Picasa

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Dilúvio

Podemos questionar se o dilúvio realmente aconteceu. Culturas, aparentemente sem contato entre si, registram um fato de igual proporção, e provavelmente haja indícios de que tenha realmente acontecido. Todavia, o que restou de vida no mundo, segundo os relatos do dilúvio bíblico, foi tudo aquilo que coube numa única arca. E só.
Hoje vivemos algo semelhante; um dilúvio está acontecendo. O alagamento não é pela água, mas pela precipitação infinitamente mais abundante de recursos tecnológicos a partir do momento em que, na década de 1980, o computador popularizou-se. E a duração dessa precipitação não se contam em dias, mas, já em décadas. O dilúvio bíblico já aconteceu num remoto passado; porém, o dilúvio tecnológico apenas está no início, e está vertiginosamente crescendo em intensidade. E é prematuro fazer projeções seguras sobre o destino que teremos.
Para nossa sorte, não é necessário que haja apenas uma arca e apenas um Noé. O que não se pode é perder uma das arcas, ou barcaças. É preciso emergir, fluir e navegar nas águas turbulentas desse novo dilúvio. E isso está ao alcance de cada um. O que não se pode fazer é resistir a essa precipitação, execrando-a, esconjurando-a, e mesmo tentando afastá-la pelo exorcismo.
Outra coisa. O fim do dilúvio bíblico foi anunciado por um ramo verde, e depois a arca encalhou em terra firme. No atual dilúvio não há chance de aparecerem sinais do seu fim; mas sim, os sinais de que a precipitação só tende a aumentar. E mais. Não haverá terra firme para ninguém, e ninguém poderá, sob o risco de agir insanamente, alegar que isto ou aquilo é o seu chão. Repito: não há chão firme para ninguém. Quem não se aperceber disso, naufragará.
Pierre Lévy, em seu livro "Cibercultura", já teceu um paralelo semelhante. E afirma que esse novo dilúvio veio para ficar, ou melhor, para continuamente crescer em intensidade, e chama a atenção para o fato de que cada pessoa terá inúmeras possibilidades de evoluir com esse dilúvio. Há salvavidas para todo aquele que queira se agarrar a um, minimamente falando.
Saberemos aproveitar essas aportunidades?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

O que penso a respeito

Você deve ter notado que inseri neste blog o link "Eu sei escrever". É uma porta de acesso a um espaço aberto à discussão sobre o uso da linguagem na internet. Estive nesse espaço e lá deixei um breve comentário dando o meu apoio à iniciativa. De passagem, achei esse espaço um pouco abandonado, como algo que cheirava a promessa, apenas. Mas, vamos lá.
Este é um momento da História, provavelmente inúmeras vezes mais fantástico que o advento da imprensa no século XV. O ciberanbiente é um dos lugares onde acontece, ao infinito, a construção do hipertexto. Aonde isso nos levará? Para mim é uma incógnita.
Por opção, eu me manifesto utilizando uma linguagem formal, preocupando-me com eventuais deslizes em relação aos preceitos da língua padrão. É algo pessoal, e pronto. Isso é ser "careta"? Que importa! Sou livre para falar, só não posso ficar calado.
Tenho uma brevíssima página no orkut. Todos que ali figuram, enviaram convite para que eu participasse do seu grupo de amigos. Topei. A maioria são adolescentes e alguns são meus ex-alunos. Normalmente eles enviam seu recados utilizando a nova e maravilhosa linguagem "internetês". (Ou será uma nova língua escrita?) Eu respondo com a minha linguagem. Eu os compreendo e eles me compreendem, e nos comunicamos. Isso, sim, importa.
Creio ser irreversível o surgimento, evolução e uso dessa nova linguagem. A humanidade, como um todo, que se adapte a essa nova realidade. Nesse caso, não se deve tentar ressuscitar Dom Quixote. É se bater a esmo, perder tempo, pois não se está diante de rodopiantes pás de moinhos, mas diante de redemoimhos do tempo.
O que penso é que o ciberambiente deve, então, ser um espaço bilingüe. Como numa gigantesca praça de encontros, dependendo do tipo de encontro, que se utilise a língua/linguagem melhor apropriada a cada momento. Que a informalidade e o formal caminhem juntos. É uma forma de se adaptar aos novos tempos.
Nesse caso, é minha opinião de que devem prevalecer: inteligência, maturidade, respeito.

sábado, 11 de fevereiro de 2006

Minha cidade













Nossa Prefeitura, hoje

Quatro Pontes, como se pode ver pela arquitetura, tem a alma germânica. Resultado dos corajosos alemães que vieram do Rio Grande do Sul, e colonizaram esta parte do oeste do Paraná.
Quatro Pontes e eu, temos um quarto de século de intensa cumplicidade. Eu a vi passar de vila a cidade, emancipada que foi na década de 90. Ela assistiu meus filhos crescerem. Aqui fiz desabrochar a minha alma de poeta e pintor.
É um lugar de paz.
 Posted by Picasa

Menino de rua

Rápidos e fortes clarões iluminavam as silhuetas altas e frias dos edifícios. Seguidos trovões reboavam, encobrindo qualquer outro ruído da grande cidade. Prólogo de chuva torrencial.
Encolhido num canto, seu corpo pequeno tremia. Um pouco por causa do frio, e mais de medo, de desencanto com a vida, de desamor. Fechou os olhos, tapou os ouvidos e se encolheu um pouco mais.
Os clarões e os trovões pareciam agora acontecer dentro do seu pequeno ser. Quis chorar. E então chorou junto com a chuva que começava a cair. Lembrou do pouco tempo até agora vivido e de tantas coisas já passadas. Lembrou que um dia teve um lar, apenas não sabia onde.
Lembrou de brandas luzes, bichinhos coloridos, sorrisos e afagos. Um rosto lindo de mulher, uma voz que o embalava. Um berço macio. Odores deliciosos. Um perfume suave e delicado.
Não aprendera ainda o que era esperança, mas sonhava um dia ter alguém que lhe adotasse de verdade, que o resgatasse da rua e lhe chamasse de filho.
Pensava muito nessas coisas. Pensava nelas agora.
Vagamente lembrou que um dia, mal sabendo andar, num lugar de muitas luzes e muita gente, mãos estranhas, duras e apressadas, o carregaram. Esteve em lugares escuros e mal cheirosos. Conheceu e padeceu o frio, a fome. Ouvia palavras rudes e recebia beliscões.
Mais crescido, foi mandado para a rua pedir esmolas e comida. Apanhava muito quando as mãos voltavam quase vazias. As coisas estavam difíceis. As pessoas já não estavam dispostas a dar dinheiro.
Há alguns dias, tinha levado pouco dinheiro e apanhara muito. Disseram-lhe que se não lhe dessem dinheiro, que então o roubasse, ou qualquer outra coisa, mas não voltasse mais com as mãos vazias. Não quis ser ladrão. Fugiu. Andou por lugares estranhos e só pedia comida. Agora estava com fome. Não estava gostando de viver, e chorava muito.
Estava assim, pensando na vida pequema e sofrida, encolhido no seu canto, quando sentiu um agasalho quente cobrir-lhe o corpo. Mãos macias afagaram os seus cabelos sujos e molhados. Por entre as lágrimas, viu as delicadas mãos colocarem entre os seus pés descalços, um pacote de doces e biscoitos. A chuva estava parando. Tudo estava muito escuro.
Uma voz meiga lhe disse, com um afago: - Fique com Deus. Alguém se afastou, entrando logo num carro muito bonito.
O pequeno percebeu então o perfume suave e delicado. Cheirou e voltou a cheirar o agasalho e o ar à sua volta e percebeu que não estava sonhando. O perfume era aquele mesmo, o da sua lembrança.
De um salto levantou-se. Como que ensandecido, correu atrás do carro que se afastava devagar.
O mais que pode gritou:
- Mamãe! Mamãe!
O carro parou. A porta se abriu. Já não chovia mais.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Para pensar

A tristeza é contrária à natureza, pois perturba seus movimentos; sim, a tristeza torna desagradável aquilo que a natureza fez bom.

Tessitura policromática





Genesis (2003)






Artérias cósmicas:
criação de novos mundos.
Rizomas e
Urdiduras dos teares divinos.

 Posted by Picasa

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Textura poética 3

Hortênsia


Uma vidraça.
Um olhar de meiguice verde.
Um sorriso como um dia de sol.
Uma silhueta de mulher.

Que fazes tu... Hortênsia?
A este meu peito menino,
Que ferve de paixão ardente,
Como o meio dia do sol de verão?

Um andar pelas ruas.
Um meigo olhar verde.
Um sorriso lindo.
Um calor de mulher.

Que fazes tu... Hortênsia?
A este menino que passa,
Que te vê e enrubesce,
Sob o fogo da paixão?

Um tempo antigo.
Um olhar verde.
Um sorriso:
---Mulher!

Que fizeste tu... Hortênsia?
Que ficaste no tempo,
Povoando meu sonho de homem,
Roubados ao menino de então?

Pintando a paz




Senhora dos tempos (2000)

Se a paz fosse uma mulher, ela seria assim: magnífica, magenta, e vestida com as cores da boa aura.
Serena, ela espera por seu amado.
Do rosto, o profundo olhar dirigido à alma de quem a busca.

Que homem resistirá aos encantos da sua presença?
 Posted by Picasa

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Para pensar

Na adversidade o homem se vê abandonado pelos demais; ele percebe que suas esperanças estão centradas dentro de si mesmo; ele desperta sua Alma, eleva sua mente, enfrenta suas dificuldades e, então, elas cedem diante de si.

domingo, 5 de fevereiro de 2006

Textura poética 2

Pêndulo


Vagueia...
a efêmera vida,
pelas corredeiras do tempo,
da eternidade fragmento.

Trecho perigoso!
De surpresas e riscos.
Caminho intenso... de
sentidos e avessos.

Eterno oscilar.
De imenso tamanho... e
Tão frágil! Tão estranho!

Na curva do tempo,
o termo alento,
Espera...

Tessitura cromática



Do crepúsculo e das luzes (2000)



Frágil tremeluzir, o sopro da vida.
Antíteses: trevas e luz.
A negra mortalha que a tudo permeia.
Dicotomias, devires incertos.

Cuida, a luz, que não se apague.
A encontrará, o homem, no crepúsculo dos seu dias?
 Posted by Picasa

sábado, 4 de fevereiro de 2006

O olhos de Marina

Estava exausta. O elevador parecia estar demasiadamente lento. Ansiava chegar ao apartamento no 12º andar. Carregava um pesado mostruário de fotos. Acreditava que, com elas, iriam abrir-se-lhe as portas para a profissão de modelo fotográfico. Fizera-se independente. A família estava distante, numa pequena cidade do interior.
Nas agências que visitou, ouviu promessas, elogios, e comentários sobre seus olhos.
Era belíssima. O suave rosto emoldurado por magníficos cabelos negros. Os olhos eram quase da mesma cor. Sempre se admirara refletida no espelho, e nas fotos. Lembrou de nunca ter olhado para os seus olhos. Não atentamente, pelo menos.
Colocou as fotos num canto, banhou-se e, como estava cansada, foi deitar. Naquela noite, os olhos a perseguiram nos sonhos. Pela madrugada teve insônia, mas, procurou relaxar. Queria estar bem para as entrevistas de logo mais.
Novamente exausta. Havia recebido promessas, elogios, e nenhuma proposta real de emprego. Ouvira comentários sobre seus olhos. Teve outra noite de insônia, e pesadelos. Num deles, entrou num túnel negro e aterrador, de onde não conseguia sair. Eram os seus olhos. Acordou molhada de suor. Pela primeira vez sentiu-se incomodada, e teve medo.
Procurou refazer-se num longo banho. Ao espelho, mirou-se rapidamente nos olhos. Teve um estranho calafrio, mas relaxou. Teria novas entrevistas. Queria, precisava apresentar-se bem.
Intrigava-lhe, agora, os seus olhos. Mas, preocupar-se? Bobagem!
Mais exausta ainda, muito intrigada com as promessas e comentários sobre os seus olhos, Marina banhou-se e, nua como estava, espalhou as fotos pelo apartamento e olhou, uma a uma, demoradamente, nos olhos. A noite estava abafada. Abriu as janelas para entrar o ar fresco.
Voltou às fotos, olhando-as, uma a uma, nos olhos. No final, teve medo e calafrios. Intrigada e cansada, estirou-se na cama.
Adormecida, vieram os seus olhos agora medonhos e muito negros. Foram crescendo aos poucos, envolvendo-a. Sufocada, conheceu o terror.
Quase sem acordar, e pela janela aberta, Marina mergulhou no espaço e na madrugada.
Seus olhos não voltaram a ver as luzes da cidade.

Para pensar

As maiores dádivas concedidas ao homem são a capacidade de julgar e a vontade; feliz aquele que não as emprega mal.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Textura poética

Loira Bacana


Thereza Maria de Albuquerque
Treze anos.
Varridos os sonhos.
Descida,
precocemente,
da vida.

Menina Dama
Dona do asfalto
Sem muito Saber,
e quase nada entender.
Esperta na cama.
Mercadoria do sexo.

Do peito
brota, a ciência
da vida torta.
Choro tardio,
no caminho vadio.
Destino! O noivo perfeito.

Não há mais tempo.
Charada HIV.
Mostrada na TV.
Treze anos.
Bacana! Agora, que importa?
A loira é morta!

Tessitura monocromática





Domínio dos sentidos. (2000)





Forma e cor sobre a urdidura do tecido. Já não é mais o lavor do tecelão. Tear, tecido, tela. Desterritorialização. Pigmentos, binaridade, linguagem monocromática.
Tessitura monocromática de novos sentidos: mente/alma sob tortura carnal. Desterritorialização dos sentidos.
 Posted by Picasa

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Rizomas e Tessituras

Pensamentos aleatórios. Aquecimento, ou, portal de devires.
As trajetórias são incertas quando não se sabe para onde ir. Rizomas. Multiplicação de possibilidades.

Neste momento, minha trajetória tem um destino certo. Parto, deste porto do ciberambiente, numa navegação determinada. Navegando, busco.
Inicio este meu blog assim. Rizomático: porto e portal de encontros.
Nos encontros, a tessitura de novos devires: a busca por outros rizomas e outras tessituras.

Os rizomas, as tessituras traçarão minhas cartas náuticas no oceano do ciberespaço.

Poesia, pintura, ensaios literários, a vida, a minha alma, estarão entre as linhas que farão fluir este blog.