segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

2008






Durante o ano que passou, tive momentos que foram muito especiais, cada qual com uma espécie de raro sabor.

Guardo-os, agradecido, em todos os meus sentidos: foram os teus comentários aos meus blogs, carícias da tua alma sensível, a outra alma sensível, que sou.


Obrigado. Obrigado. Obrigado...


Para o futuro: que o virtual, ainda rarefeito no tempo que virá, se realize benéfico e amigável para a tua vida, e te faça muito feliz. Que o ano de 2008 venha como o melhor tempo por ti até então vivido.

Meu beijo de Paz.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007









Ceia de Natal

Meu pedaço de pão.
Seco!
Bolorento.
Meu quase almoço,
Minha ceia de Natal.

Caminhando pelas ruas,
Minha ceia nas mãos,
Sinto odores... de perus e carnes,
De castanhas saborosas,
e frutas tropicais.

Passeio minha solidão,
Nesta noite de Natal.
Choro!
E minhas lágrimas têm,
Sabores, esquecidos,
De vinhos e champanhes.

Busco meu canto.
De passagem, ouço cantos.
Entre eles... Noite Feliz,
O triste e singelo canto,
De outro pobre como eu.

Meu pedaço de pão.
Seco!
Bolorento!
Meu repasto, minha ceia.
Minha festa de Natal.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

É NATAL!

Esta é a parte de trás da nossa Prefeitura, ontem, durante o evento:
Musical de Natal: Cantando por um mundo melhor.
Evento esse comandado por minha filha Carolina.

Esta época do ano
traz o modelo de um mundo possível.

As pessoas se unem
para atos coletivos,
ou solitários,
solidários,
voltados para o bem.

Há risos,
e sorrisos.
Há intensidades nos desejos.
Há uma emoção diferente
nos peitos,
e nas mentes.

O meu abraço,
que é de Paz,
envolve-se em Luz.

E o meu beijo,
intensifica o calor,
e a dimensão,
da Amizade.

Feliz Natal, a ti!



domingo, 9 de dezembro de 2007

Tessitura Poética

Faces

Não é desnuda a face do homem,
ela, que se traveste de mil faces.
É cortina que venda o lume
contido nas estrelas,
e recolhe o negrume
da mais negra das trevas.

A face é lobo,
a face é cordeiro,
no mesmo homem.

É, a pele da mesma face,
o jazigo perpétuo da brandura
do acalentado amor,
é cenário da trama e da loucura,
e pano que recobre a ara
do holocausto e do horror.

É, do mito,
A bipolada clausura,
E portal da senda escura
Que o cosmo às entranhas revela.

A face, da alma é tela,
é urdidura dos sulcos profundos
da paixão.
da emoção,
dos signos fecundos
que, ao ser, tudo revela.

A face não é desnuda.
A face não é muda.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

HaiKai


Flor e abelha
Trocam carícias vitais

No sol levante.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tessitura Poética







A mão de Amanda

Tua,
Amanda,
a mão estendida.
Nua,
e repleta de sentidos.

Na palma, a larga via
que se reparte em estreitos caminhos.

Qual deles tomar:
o curvo e incerto polegar;
o que indica,
ou acaricia meu peito;
o médio ou anular,
que tanto nos levam aos orgasmos,
quanto ao escuro das sombras dos medos?
O mindinho,
Amanda,
o mais incerto dos caminhos?

Qual das linhas da tua mão,
Amanda,
percorro eu?
Aquela que agasalha o risco,
assumido,
de todos os nossos sonhos?

Não importam os riscos,
Amanda,
nem os medos,
nem os sonhos,
pois que tua mão,
Amada,
é um dos teus caminhos
para todos os meus gozos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Tessitura Poética


Almas corcéis


Pudessem,
nossas almas,
depois dos idos anos da vida,
transformarem-se em fogosos corcéis
em tropel infindo pela eternidade,
e sem fim de caminho,
a gozar o gozo
de apenas serem corcéis
a correrem sem ter necessidade
de onde chegar.

Ao meu lado,
Amanda,
para sempre,
o teu tropel.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

HaiKai



Vastidão plana...
Fluir por longas vias.
Turbilhões mentais.

domingo, 11 de novembro de 2007

Tessitura Poética

Comes, logo existes.


Reflita!
Teu destino
São todas as estrelas
Que a tudo revela.

Teu berço:
As cinzas cósmicas, -
Filho que és
Da alquimia estelar

Do imenso cosmo
Tens a consciência,
E dele te atinas.

Tu, devorador de luz,
Pois que te alimentas
De tudo que a luz desvela.

domingo, 28 de outubro de 2007

Tessitura poética

Sursis


É negra lápide,
do mais duro granito,
o elo com o infinito.

Morte,
portal do inferno,
ou senda para o gozo eterno.

A nulidade carnal que volta ao pó.

Antes,
o enigma da existência em sursis,
e escravidão abjeta às paixões vis.

Negra a távola,
mesa exposta
ao banquete e sanha
dos vermes,
que na carne apostam
saciar a fome tamanha.

Nulidade que volta ao pó.

Sobre o que resta,
suspensa está
a mão que segura
a balança.
Cerra-se a fresta.

E fecha-se o pano
de toda uma existência,
na cósmica
incógnita falência.

Nulidade ao pó.



segunda-feira, 15 de outubro de 2007

HaiKai

Com zumbido,
a presença da mamangava.
Polinizada a flor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

HaiKai


O passaredo
gorjeia na manhã.
A moça canta.

sábado, 6 de outubro de 2007

Tessitura poética


Meandros sociais


Anéis abertos
em tramas,
e dramas:
eis o teor
e a cura da multiplicidade.

A malta escancarada,
afecto da
singularidade paradoxal,
e cerrada.

Subserviente,
nunca arborescente,
assim é
a unidade latente,
em linhas de fuga
avessas ao múltiplo que suga.

Engodo existencial,
rizoma jamais terminal;
a unicidade
nas tramas do pano social,
plano às vezes terminal;
e no reverso,
o cenário do drama
de toda adulação,
e do engano.

Estrato singular fugidio,
à subserviência arredio;
crença na fuga presente
e termo nas normas
do múltiplo inclemente:
microfascismo latente
no sabor amargo
do extrato social.

domingo, 23 de setembro de 2007

Tessitura poética


Temerários versos

No vazio
da folha em branco,
o compasso inquietante
da longa espera.

Na lentidão paradoxal
da alucinada prece
tomba o ânimo.
É o desânimo
que avilta a existência.

Lento o fluir da vida
que escoa,
e vai.
No vazio, o sem fim
da alma em pranto.

No compasso aviltante,
ainda o vazio da folha em branco.
A lentidão,
a prece,
e a vida que escoa...
E vai,
e esmaece,
e tudo, tudo fenece.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Tessitura poética

Mil anos

Mil anos são poucos,
Para todas as estrelas que há no mar.
Ou o mar não reflete o quase eterno
Brilho cósmico de todas as estrelas?

Assim são mil anos: nada,
Se contadas todas as eras,
Como nada é a eternidade
Para todos os nossos desejos.

Estes são, da alma, lampejos
Fugazes, intermitentes,
Como fugazes e intermitentes são
Todos os lampejos das estrelas.

E as estrelas do mar
Trazem na efemeridade da sua existência
O espelho da efemeridade
Dos nossos reais desejos.

E mil anos são os nossos desejos,
Quando os nossos fugazes anos
Não são mais que rápidos lampejos.
Assim são mil anos: nada!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Tessitura poética


Mulher momento...

Quem és tu,
Rubra estrela?!

Vestida carmim,
passas, fugaz:
no firmamento da minha existência,
o teu andar...
lento,
ondulante,
sensual.

No olhar oblíquo,
o breve convite que se desfaz,
e mergulhas no infinito do tempo.

Deixas o rastro de incertezas,
turbilhão de pulsares sangüíneos...
luzeiros no pensamento.

E aparentas, ser,
simplesmente...
uma linda mulher!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Tessitura poética

Apelos ao vento

A Razão!
Será ela desventura,
ou até mesmo loucura?
Será ela a nos tornar
andantes no tempo
em quase desespero,
a buscar,
no cascalho das horas,
mitológicas gemas
pretendidas preciosas
à singular vivência?

Busca torturante,
até mesmo insana.
Paixão, ou psico fissura:
dicotomia feita em urdidura,
ou engodo delirante.

Incorpóreos:
seremos nós etéreos seres,
metamorfoses,

a sorver
com sofreguidão
todas as migalhas
rarefeitas e luminosas
de posterior existência?

São tantas as perguntas,
miseráveis as respostas.

E paira na atmosfera
densa dos nossos dias,
outra pergunta que não se cala:
nesses caminhos
que os percorrem as almas,
haverá, um dia,
um sítio que lhes dê alento e agasalho?

Que respostas teremos
a tantos pedidos,
se são respostas que esperamos,
a estes cantos que cantam
nossos entes vitais doridos.

Se respostas há,
são elas perdidas.
Somos falidos,
consoante ao que se nos dá

a tudo que desejamos.

sábado, 7 de julho de 2007

HaiKai


Estrela cadente?
É o cair da flor do ipê.
Nasce a semente.

sábado, 30 de junho de 2007

Tessitura poética










Legado humano

Da reptiliana massa,
o gérmen da evolução,
metamorfose cerebral.
Transmutante distanciamento
do animal,
da fria ausência de emoção,
e senda de horrores.


Na ancestralidade
da primata condição,
a límbica fonte dos humores,
da emoção,
dos amores.
Busca interessada
à alquímica genética do social.


Por fim,
imitante das estrelas,
a galáxia dos cintilantes
neuronais lampejos,
faróis, sinais,
e jardim dos desejos.
Fruição da intuição e da razão,
perene sazão
no córtex cerebral,
sede da estelar existência,
ou labirinto de horrenda falência.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Tessitura poética


Rostidades

Que são as faces,
que perpassam pelos fios
da vida
senão cenários errantes
de todas as existências.

As faces,
milpartidas em infinitas rostidades,
são os tênues e fugazes véus
que trazem engastados os olhos,
buracos negros medonhos
a engolir existências passantes,
apenas passantes,
e reticentes.

E a constante tortura,
sim,
tortura constante nas buscas aflitas,
e persistentes.

Não há, aí, devaneios,
pois que os devaneios são,
quase sempre, desvarios.

Há, sim,
o canto sem lamentos de almas poetas,
repletas,
que criam mundos,
universos mundos feitos por palavras,
numa torrente incessante de sentimentos belos,
às vezes torturantes,
até mesmo ondulantes,
e incertos,
como incerta é a vida.

Desvarios, sim,
pois que assim somos:
desconcertante via
que nunca se cristaliza.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Tessitura poética


Tríade hominizante

Linguagem,
mutante constante,
tijolo e argamassa
da evolução.
Do primitivo
ao tecnológico homem
edifica, no tempo,
a fiel imagem
do Senhor da criação.

Trabalho,
empuxo motor
da transformação.
Nos braços
que transpiram,
as alavancas
que mobiliza montanhas,
e impõe ao cósmico mundo
a perene mutação.

Crueldade:
esta impera pela
linguagem,
é cria do trabalho
de guerra e opressão.
Tríade
hominizante
do ser homem:
bicho, desde a criação.

sexta-feira, 8 de junho de 2007


Paleta de cores!

Lembra a borboleta,
a metamorfose?

Essa imagem, borboletas do meu Brasil, está em:
www2.petrobras.com.br/.../img_azulao_gde.jpg

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não há inocência


O desejo
torna-se necessidade,
pelas trocas desviantes
em senhas e leituras.

Sexo e gênero,
identidades e desejos;
farsa e cinismo;
máscaras e artificialismo
do tribunal mambembe social:
via razão, com a filosofia,
via emoção, com a arte,
via crenças, com a religião.


Em tudo:
guerra e paz,
desassossego,
dualidades,
violência e cooperação.


Em cada qual,
o legado vil:
não há inocência!

domingo, 27 de maio de 2007

Tessituras: sobre tela, e poética



"Corporeidade"
O.S.T.
50x80 cm.
por: Vilha
Executada em 2007

Pele Amanda

Intensidades são,
Amanda,
as tuas imensidades
interiores todas,
guardadas
pelo veludo róseo,
morno, macio,
espelho de todo gozo
que de ti emana.

Das tuas formas,
guardiã é tua pele,
aveludado exterior
que pulsa,
freme,
transpira
ao toque das mãos,
em manifestos arrepios,
e prenúncios
de êxtases pulsantes,
sob beijos,
em ondulantes orgasmos,
também imensos,
intensos.

Assim é, Amanda,
tua pele,
tecido e cenário de todos
os meus gozos,
e desejos.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Haikai


Ramo que cai,
transformado em palha.
Ontem era verde.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Das Minas



no Universo hipertextual
a Galáxia Blog.
As inumeráveis estrelas que a compõem
iluminam mundos de intensa magia.
Incontáveis desses mundos mágicos
são revestidos da maciês da
sensibilidade que acolhe,
agasalha, envolve.
Sua atmosfera é feita dos mais
puros e deliciosos perfumes
da alma humana, superior ao
aroma das flores.
Seu ar propaga os mais
belos acordes, síntese de todas
as sinfonias.
Suas paragens encantam os olhos,
sonhos intensos, que são.
E há o gosto, o sabor bom de
todas as coisas boas.

O selo acima, é um símbolo do Mundo-Site,
cuja vida provém dA Grande Princesa
Nancy Moisés: Poetisa
das inesgotáveis Minas Gerais,
cuja virtude é ter infinitos
filões das mais puras gemas feitas
de palavras que, mesmo que brutas,
são jóias que ofuscam os brilhantes,
as esmeraldas, os rubis,
o ouro, a prata,
e as outras preciosidades todas.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Haikai




Os varredores de rua
juntam folhas caídas,
e suas lembranças.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Tessitura poética

Quem chora pela rosa?

No túmulo,
a amada
agora sem vida.

Pelo antigo amor,
precocemente à morte levado
muita lágrima vertida.

Chora o amante,
de paixão ainda trêmulo,
consumido em dor.

A cada dia,
sobre a laje fria,
depositada a flor.

A rosa repousa,
carmim e solitária
sobre a marmórea lousa,
do amor, tributária.

Pela mulher amada,
tanta lágrima vertida.

Pela rosa ofertada,
não há lágrima perdida.


segunda-feira, 30 de abril de 2007

Tessitura poética

Obscuro sendero


Do tempo,
antigo e distante,
trago o conceito do infinito,
e o necessário cogito:
penso e reflito.

Da dúvida
vem-me o verbalizado,
sujeito e anunciado,
eixo da mente
com o corporificado.

Do sentimento,
o processado tormento
da complexidade dos elos,
em angustiantes ritornelos.

Do caminho,
resta-me o espinho:
compreendo que não sou,
e que a traição me imolou.

Da distinção,
o troféu.
Do Gênio enganador sou réu,
herdeiro da maldição:
ter fortunas em cogito,
no desterro do infinito.

Assim eu sou.
Assim admito.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Haikai

Lenta, a chuva
que cai. Apaga rastos.
O tempo escoa.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Tessitura poética

O medo


No mapa estendido
da unicidade existencial
comporta, sempre fundido,
o perigo primordial.

Linha de fuga da humanidade,
violência da conseqüência animal,
afecto da anterioridade,
avesso do fascínio tribal.

O medo é coisa latente,
temor constante de tudo perder,
desde o devir arborescente
ao tudo e por tudo querer.

Assim é o medo,
rota de colisão que flui em arborescência,
presente na vida, e enredo
de toda nossa existência.

segunda-feira, 26 de março de 2007


Razão, ou Solidão?


Liberdade na Urbe,
para onde nos leva a razão.
Há nisso,
engano, engodo?

Prisão na Urbe,
para onde nos leva a solidão.
Há nisso,
verdade ou veleidade?

A razão aceita,
ou recusa.
Constrói mapa,
e dele não escapa.

A solidão rejeita,
e não se escusa.
Constrói a capa,
ao deletar o mapa.

Liberdade se faz
com a razão.
Insanidade se faz
na solidão.

Abraçar o quê, então:
A fria razão?
A mortal solidão?
Qual o portão?

Responda a isso, sem hesitação!

Tu!
Que buscas na cidade,
sazonar tua existência
apenas pela experiência.

Imagem original captada em: www.photos5.flickr.com

domingo, 11 de março de 2007

Haikai


No alto poste
O pedreiro descansa.
João-de-barro.

terça-feira, 6 de março de 2007

Tessitura poética


Decalques sociais


Circularidades.
Redundâncias.
Avanços nas repetições
pelos escaninhos das diferenças.


Polaridades.
Circunstâncias.
No alvorecer das crenças,
filhas das predições,
as marcas das mudanças.

A pobreza opera decalques
da nata social,
e da moda.
A elite,
consumada,
consumida,
consumista,
copia andrajos da pobreza.

Por fim,
cada qual copia a si mesmo.

Circularidades
circunstanciais:
jogo marginal da sedução
mundana,
estéril, pois decalque é
em todos os espelhos
destilantes,
redundantes
em todas as implicâncias
do decalque social.

domingo, 4 de março de 2007

Tessitura poética


Cósmico arsenal

Ao frágil
ombro, o legado:
vil equilíbrio
entre céu e inferno.
A ser fiel da balança
é fadado,
na metáfora do eterno.


Forças tamanhas
ao homem alcança,
quando o bem e o mal
erguem das entranhas
seu combate mortal.


Resta ao homem
o niilismo infame,
avesso da ambição
que o consome.


Ele,
o nada,
o zero absoluto
desconcertante;
fiel, frágil
delimitante,
impoluto
da culpa
do mal
do bem,
no embate celestial
contrário ao infernal.


Sobre o ombro
transitório
do miserável ser,
o eterno,
o cósmico
e sórdido arsenal.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007




Mugido vacum
Sobre o pasto verde.
Branco leite bom.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Haikai


No zás! Rasante!
O que borboleta era,
Bem-te-vi é!


¡En zás! ¡Rasante!
Lo qué mariposa era,
¡Bem-te-vi es!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Tessitura poética

Circularidade


Por que suspiras à liberdade,
se escravo fazes de ti mesmo?
A quem obedeces, senão a ti?

Da passional racionalidade
subtrais teu martírio
no constante
e angustiante delírio
cogitante.

Sofro, dizes tu.
E ando, respiro e sinto,
dizes tu,
nessa interioridade delirante;
sessões segmentares lineares
de todas as tuas
multiplicidades.

Freqüências e ressonâncias
na dualidade
milpartida
em redundâncias
por todas
e em todas as
diferenças e repetições
circularizantes.

Existência torturante,
idiossincrasia que arrebata,
na bipolaridade ondulante,
incerta, e para além da
consciência, e da paixão que mata,
porque suspiras a liberdade.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Chronos, devorador de vidas e de sonhos – 18



(Parte 18)

Bebemos até fartar-nos. Depois, cada qual no seu lado do pequeno regato, nos deitamos de costas, tendo diante dos olhos a imensidão azul do céu, os sentidos todos gozando a sedução da natureza.

Para assim deitarmos, havíamos soltado as mãos. Mal nos deitamos, Leonor estendeu seu braço esquerdo na minha direção. Compreendi o que ela queria. Tomei-lhe a mão, e elas mergulharam no frescor das águas que passaram a produzir um suave marulho que se juntou a todos os sons da natureza circundante.

Lembro-me de ter fechado os olhos, e ter entregue os meus ouvidos para todos os sons possíveis de ali acontecer, desde o suave escorrer da generosa água, ao pipilar intenso dos pássaros, o grasnar de patos selvagens que provavelmente celebravam a vida em alguma lagoa próxima, a brisa soprando leve por entre as folhas de algumas palmeiras ali existentes, os grilos na sua perene cantoria, uma infinidade de sons que pareciam ter em si a magia do silêncio. Era o gozo pleno da vida.

Leonor somou sua voz a todos esses sons. Sem que eu perguntasse, disse-me que esse lugar continha inúmeras nascentes de água, e que havia outros pequenos regatos semelhantes a esse; que alguns deles, logo acima de onde estávamos, formavam uma lagoa que logo mais se juntava a outros regatos formando um córrego que ia desaguar no rio mais adiante. Que essas água eram especiais, e que havia gente que acreditava que elas tinham algumas qualidades minerais, que de vez em quando vinham buscar dessas águas, e não o faziam todos os dias devido à muita distância. Disse que o dono dessas terras tivera intenção de comercializar essa água, mas que, por alguma razão, desistira. Depois, Leonor silenciou.

Se ela gozava as mesmas sensações que eu, seria como se flutuássemos. Como se houvéssemos sido abduzidos para uma outra dimensão espacial e no tempo. Cheguei mesmo a pensar que a vida num possível paraíso era assim mesmo; um eterno e delicioso presente que se desgarrava do passado e do futuro para tão somente acontecer. Eu viveria ali, com Leonor, o resto todos dos meus dias. Eu gozava uma indescritível e bela onda de pensamentos.

E talvez tivesse sido abduzido para uma outra dimensão, se Leonor não estivesse me chamando para a prosaica realidade. Ela havia saltado para o meu lado e, debruçada sobre mim, sorrindo, perguntou se eu estivera dormindo. Eu disse que não, mas que estivera sonhando com todos os sentidos despertos. Sorridente e feliz, ela fez-me levantar, pois queria que eu visse algo.

O pequeno regato, ali onde estivéramos, era estreito; poderia ser transposto sem ter necessidade de saltá-lo. Bastava um passo mais alongado. Para perceber-lhe a fundura, mergulhei nele o meu braço que logo atingiu o fundo, e a sua superfície roçava o meu bíceps. Não mostrava o fundo, pois o chão sobre o qual escorria era de um tipo de argila escura, quase negra, firme, que não contaminava as águas. A relva ao redor, baixa e macia, chegava até a margem ao ponto de ter algumas folhas acariciadas pelas águas.

A um chamado de Leonor, caminhamos ao lado do regato, na direção da sua nascente. O fizemos por não mais que duas centenas de metros.

A nascente não era profunda; surgia vigorosa por entre alguns baixos arbustos, e aos pés de uma magnífica palmeira, da qual algumas raízes bebiam perenemente dessas águas vitais. As águas eram límpidas, e tão transparentes quanto o mais puro dos cristais. No fundo, e em vários lugares, uma areia clara e grossa borbulhava como que em eterna fervura. Dali, da fonte, bebemos um pouco mais dessa água.

De onde estávamos era possível ver trechos da lagoa mais adiante, onde os patos selvagens grasnavam despreocupados. Era interessante, mas em momento algum percebemos um som qualquer de alerta devido às nossas presenças. Era como se a natureza, ali, soubesse que dela fazíamos parte, que éramos, também, a ecologia do lugar.

Num repente, porém, Leonor aspirou o ar, com força, como se houvesse se assustado com algo. Virei-me, e a vi olhando para mim com uma enigmática expressão no seu belo rosto.

domingo, 28 de janeiro de 2007

Haikai


Presença fugaz
Do alegre tucano.
Paleta de cores.

Fugaz presencia
del alegre tucán.
Paleta de colores.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Tessitura poética


Linhas efêmeras no tempo


Resta, do buraco-negro do tempo,
o imenso e gasto pano
que se fecha,
frágil, miserável
e estéril,
que nada mais oferta,
nada mais dá.


Perdem-se,
em todos os idos horizontes,
a imensidade de rostos,
apenas rostos
tangenciados pelas vagas
de todas as vagas lembranças.


Na tresloucada travessia,
o destino é a areia
de todas as praias
onde se escrevem
as linhas da existência;
efêmeras linhas
apagadas pelas águas
assim que traçadas.


E rostos.
Restam apenas rostos
sugados pelo
buraco-negro dos tempos,
efêmero tempo.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Haikai

Agulhas verdes

Resistem ao rigor dos ventos.

Triunfam os ciprestes.

Agujas verdes

Resistem a lo rigor de los vientos.

Triunfam los cipreses.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Chronos, devorador de vidas e de sonhos – 17

(Parte 17)


Caminhamos por algum tempo na direção do sol, desviando de arbustos, transpondo cercas, e sempre ao longo de um suave declive. Por fim, nos deparamos com uma imponente sebe que se entendia à direita e à esquerda, uma ondulante muralha verde que aparentava ser intransponível. Leonor arrastou-me para o sul, e caminhamos ao longo da sebe, seguindo o trilho formado pelos animais. A sebe, um tanto mais alta que nós, protegia-nos do sol.

Leonor disse que, quando suas famílias chegaram a essa região, essa sebe já existia. Do outro lado havia um vasto alagado formado por inúmeras nascentes de água. Pelo que sabia, um antigo fazendeiro da região mandara erguer um consistente e longo tabuleiro de terra contornando todo o alagado, e que sobre esse tabuleiro mandara plantar a sebe, para que os dois protegessem as nascentes de água que formavam o alagado, das enxurradas que desciam o declive, e que também impedissem que os trilhos formados pelos animais descessem direto para o alagado, e que com o passar do tempo e de muitas chuvas, poderiam se tornar imensas voçorocas. Lembrei-me de comentar que, na medida em descíamos o terreno, havíamos passado por alguns longos tabuleiros de terra, semelhantes a esse sobre o qual crescera a cerca viva. Leonor disse que os caminhos sulcados pelos animais em suas descidas na busca pela água, somente não se tornaram valetões, justamente por causa dos tabuleiros pelos quais passamos. Lembro-me de ter admirado tamanho cuidado, e zelosa providência desse fazendeiro. Que outros, não tão cuidadosos, permitiam quase que desastres naturais em suas terras.

De tanto falarmos em água, a sede, provocada que foi, tornava-se incômoda. Pensei em que fora temerário não ter-mos trazido uma reserva de água, o que depunha contra Leonor que sempre era tão cuidadosa. Pensei, mas não falei a ela, a não ser dizer que estava com mais sede ainda. Ela riu, e disse que também estava sedenta, e que logo chegaríamos a um lugar onde pudéssemos nos fartar.

De fato, ao vencermos uma suave ondulação da sebe, para a direita, percebi que logo adiante, justamente quando o terreno todo era mais plano, a sebe era interrompida, cedendo lugar a uma cerca de arames que continuava a proteger o alagado, a qual Leonor disse que transporíamos. Assim fizemos. Caminhamos sobre um relvado macio, por pouco mais de uma centena de metros, e chegamos a um pequeno e límpido regato. Eu ia lançar-me a beber água, quando Leonor arrastou-me para irmos um pouco mais adiante, pois queria mostrar-me algo. Fiz enorme esforço para ceder, e o fiz porque era essa doce criatura que mo pedia. A sede torturava minhas entranhas, mas Leonor era um encanto que me inebriava, e eu adorava saciar-me da sua presença.

A poucas dezenas de metros, caminhando contrário ao regato, um maravilhoso capricho da natureza. A água descia um breve declive, tão suavemente, que mal produzia rumorejos. Leonor, indicando para que eu ficasse onde estava, saltou para o outro lado, deitou-se na relva ao longo do regato. Seu ombro direito quase tocava a água. Na posição em que estava, mergulhou o queixo na água que escorria, até que pudesse sorver quanta água quisesse. Após um gole, ergueu a cabeça, sorridente, dizendo-me para fazer o mesmo. Imitei-a. Antes que pudéssemos saciar a sede, Leonor estendeu o braço por sobre o regato e pediu-me para pegar sua mão. Assim fiz, e pudemos então beber a vida, tendo no peito uma agradável sensação de liberdade, de quase animalidade.

Era delicioso estarmos ali, prenhes de natureza.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Haikai


Semelhantes anjos,

Que cantam ao vento.

Lírios brancos.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007


Esta primeira postagem de 2007,
eu a quero fazer como homenagem à amizade.

Falo da amizade que vai acontecendo
aos poucos, trazida pelas
suaves vagas do oceano cibernético.

E essas amizades que aqui chegaram,
e chegam,
são como que arcas de tesouros imensos
que, serenamente, vão sendo depositadas
nas praias deste meu blog.

São tesouros humanos fabulosos,
seres que habitam este planeta
que não parece ser o azul planeta Terra,
pois que são almas que se confundem
com os anjos, com as boas fadas, com todos
o espíritos maravilhosos do reino da Luz.

São seres, em tudo parecidos com humanos,
e são humanos singulares que trazem
no seu interior, incontáveis e belas multiplicidades.
São seres que criam um outro mundo,
um mundo belo, transbordante de paz,
de humanidade, de generosidade,
de amizade.

São seres-tesouros para se
guardar bem fundo no peito,
onde cada nome brilha como o mais
puro de todos os brilhantes.

A todos os meus amigos cujos
nomes já estão no meu peito,
e a todos aqueles que virão,
o meu abraço de Luz.