domingo, 28 de outubro de 2007

Tessitura poética

Sursis


É negra lápide,
do mais duro granito,
o elo com o infinito.

Morte,
portal do inferno,
ou senda para o gozo eterno.

A nulidade carnal que volta ao pó.

Antes,
o enigma da existência em sursis,
e escravidão abjeta às paixões vis.

Negra a távola,
mesa exposta
ao banquete e sanha
dos vermes,
que na carne apostam
saciar a fome tamanha.

Nulidade que volta ao pó.

Sobre o que resta,
suspensa está
a mão que segura
a balança.
Cerra-se a fresta.

E fecha-se o pano
de toda uma existência,
na cósmica
incógnita falência.

Nulidade ao pó.



segunda-feira, 15 de outubro de 2007

HaiKai

Com zumbido,
a presença da mamangava.
Polinizada a flor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

HaiKai


O passaredo
gorjeia na manhã.
A moça canta.

sábado, 6 de outubro de 2007

Tessitura poética


Meandros sociais


Anéis abertos
em tramas,
e dramas:
eis o teor
e a cura da multiplicidade.

A malta escancarada,
afecto da
singularidade paradoxal,
e cerrada.

Subserviente,
nunca arborescente,
assim é
a unidade latente,
em linhas de fuga
avessas ao múltiplo que suga.

Engodo existencial,
rizoma jamais terminal;
a unicidade
nas tramas do pano social,
plano às vezes terminal;
e no reverso,
o cenário do drama
de toda adulação,
e do engano.

Estrato singular fugidio,
à subserviência arredio;
crença na fuga presente
e termo nas normas
do múltiplo inclemente:
microfascismo latente
no sabor amargo
do extrato social.