quarta-feira, 30 de abril de 2008

Tessitura Poética

tic-tac tic-tac tic-tac ...


O acontecer das horas,
é novidade?
Ou tudo não passa
de cenário já posto
da comédia e do desgosto,
palco onde desliza
o bailar da circunstancialidade?


Há circularidade,
e linearidade
no acontecimento existencial.
Tudo é produto final,
ou mesmo reforma e manutenção,
do ato inicial
da primordial criação.


O tic-tac do cronológico
mecânico,
e o pulsar silente
e eletrônico,
nada mais são que o vibrar
do cordame celestial
da sinfonia jamais terminal.


... tic-tac tic-tac tic-tac ...

sábado, 26 de abril de 2008

Tessitura poética



Áspera luta


É presente,
e é passado,
o antigo desejo.


É manifesto lampejo,
intermitente,
e à morte fadado.


Assim que germina,
prisioneiro é
do útero carnal.


Torna-se banal
receptor de quimeras,
de estranhas faces.

E respira,
e transpira,
pela solitária sorte.


Da vida consorte,
fadado à morte,
suspira por sonhos
intensos,
de intensa liberdade,
e vive a fragilidade,
e pesadelos imensos,
em fragores medonhos.


Sobre si o estoque
bipolado da vida
em lâmina navalha.
Dois gumes bifurcantes
que cortam e esfacelam
por onde quer que vá,
negando-se os lumes.


Nada é
na essência vivificante
precedida pela existência
antes da criação.
Nasce.
E torna-se gérmen
do que planta pela própria mão.


Tu!
Que lutas imenso
contra toda torrente.
Tu!
Que já nasces decadente,

Talvez!

sábado, 19 de abril de 2008

Tessitura poética


Percepções

Cansaço.
Infortúnios.
Medos.


Quem,
Dentre todos, te estenderá as mãos?


Buscas o amigo.
Também ele se entrega
ao cansaço,
aos infortúnios,
e aos medos.


Quem te estenderá as mãos,
Dentre todos?


Buscas o refúgio
em Deus.
E Deus te parece distante!


A quem, então, entenderá as mãos,
no momento do apelo?


Olha-te no espelho,...
de corpo inteiro.
Olha-te nos olhos,
e estenda tuas mãos.
Na tua imagem refletida,
nos teus olhos
buracos negros,
encontrarás Deus.
Encontrarás em ti,
onipresente,
teu primeiro amigo,
singular Rostidade.

Na tua imagem,

o portal da tua busca.

domingo, 13 de abril de 2008


O banho

Na medida tepidez da água,
o encontro com o gozo carnal.


Fragrâncias de sais,
se elevam.
O perfume de mulher,
se instala.


Mergulha a deusa
fêmea nas águas.
Delas,
tal qual rosados nenúfares,
emergem intumescidos
os seios da bela Amanda,
em voluptuosa oferta
de carícias,
de frenesis,
de orgasmos e arrepios.


Da conjunção idílica,
o êxtase do gozo intenso,
arrebata.


Nas águas
ainda revoltas,
sob novo olor,
repousam corpos amantes
saciados de amor.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Tessitura Poética

Passageira


Velha amiga!
Tua passagem
É como as vagas
Que vêm... e vão.


De passagem,
Deixas no peito
Um aperto.
Um gosto, um choro que dói.


Fica a vontade de cantar.
Mas a cantiga não vem.
Fica no peito,
O amargo aperto da dor.


Se eu pudesse te reter,
Cantarias comigo?
Ou partirias, ainda, tu,
Levando apertos a outros peitos?


Velha amiga!
Amante dos poetas.
Alento dos cantores.
Falas da paixão.


Onde encontrar-te?
Tu, que foges como o vento,
Quando meu peito pede o aperto,

Da tua passagem... inspiração?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Tessitura Poética











Vem


Não tardes
em deitar-te ao meu lado.
Vem!
Fica comigo.


Não vês?
Meu olhar procura pelo teu,
e pelo êxtase de percorrer teu corpo.
Vem,
deita-te ao meu lado,
e ao meu olhar nada mais convêm.
Vem, pois, traze-te a mim.


Se não estás ao meu lado,
falta-me o ar, pois
o ar que respiro
é o mesmo que
te faz em arrepios.


Vem!
Deita-te ao meu lado,
eleva-me aos sonhos alados,
aos vôos de gozos perpetuados,
e a tudo mais em ti procurado.


Vem!
Assim!...


Nada mais preciso olhar,
posso eu, respirar
enfim,
o teu perfume,
a minha atmosfera
e o termo da minha espera.


Findo eu,

sugado por teus lábios carmim.