sábado, 26 de julho de 2008

Tessitura Poética







Tal a complexidade humana


O que tiver que ser,

será, talvez.

Frustradas esperanças objetivas,

mil vezes mil superadas

as negativas, talvez.

Anti-modelo estrutural,

ou gerativo,

estranho ao eixo genético

onde a armadura mental profunda

não abunda.


Pivotante unidade do social,

sucessividade celular fecunda,

unicidade ultra-dimensional,

transformacional, e subjetiva.

Essa a cadeia humana,

tanto a sadia quanto a insana,

liberta da binaridade

arborescente do

decalque reprodutivo ao infinito,

substância corpórea avessa ao granito,

por este velado e revelado,

porém,

no derradeiro instante do réquiem.


Mapa-rizoma

a que tudo se soma:

a essência humana.

Homem-mapa-aberto

conectável

reversível

desmontável

transformável constante.


Mapa-rizoma no uno,

pivotante grupal e social.

Do redundante perigo do decalque

se libera, e

dos impasses e bloqueios

de todos enganosos esteios.


Da vergonha,

da culpa,

da fobia,

liberta-se pela porfia,

talvez.

Não subserviente ao

desmoronamento,

buraco negro

do rizoma fechado,

arborificado e...

morto.


Antes, às impulsões exteriores

o desejo fomenta,

e outras, às produtivas,

acrescenta.

Rizomorfo Ser,

se estendidas as ramas,

e as tramas

do pensamento,

e das sinapses da

urdidura cerebral;

nunca um produto final.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Tessitura poética





Arrepios


Sob a suavidade do que dizes

o arrepio não é sensação:

é gozo,

é intensidade.


Encarcerado dos arrepios,

sou,

e dos gozos,

e de tudo o que dizes,

pois o que dizes nunca vem só.


Contigo, amada,

muito além das intensidades,

das multiplicidades,

e dos arrepios que me consomem,

há a imensidade dos gozos.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Tessitura Poética

Semente e flor


No plano do Eterno,
justo é, crer-se,
não haver singularidade
na flor.


Sob suas cores,
no delírio da absorvida luz,
na exalada fragrância,
oculta a flor
os milagres virtuais
contidos na semente.


Esta,
no altar da existência
efêmera e falida,
dissimula-se em morte
para se fazer em vida.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Tessitura Poética

Olhe para mim

Olhe para mim:
o que vês?

Meus olhos,
que mergulham nos teus,
vasculham tua alma,
e cintilam contentamentos;
vêem espelhados como meus
todos os sentimentos teus.

Meu olfato é cativo
das fragrâncias
que de ti se elevam,
dilatam-se minhas narinas,
sugam o nunca rarefeito
ar que vem de ti.

Que digo eu?...
neste fiapo do tempo
que me enreda
aos teus braços
perdendo-me da razão?

Olhe para mim:
o que vês?

Eu:
dilacerado pelo fio do tempo,
fragmentado
em partículas que respiram por ti,
atmosfera que és
da minha existência,
Amanda.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Tessitura Poética

Perturbadoramente


Do acontecer,
há pressentimento
na alma do poeta,
quando verdadeiro
no discernimento.

Dele é o pressentir
ainda em conjugação
o verbo primeiro
da criação.

Da percepção
com sentidos outros,
não redundantes
aos demais que há,
vê o poeta o perfume da rosa
e o delicado sabor da maça,
no punhado de terra
que eleva aos ares
a quase pecadora
cor do flamboiaiã.