domingo, 26 de abril de 2009

Tessitura poética

Maria...


Não há respostas,
sequer reação.
Os olhos da angústia,
cansados,
perdidos em pensamentos,
fitam a prenhes vadia
e vislumbram o parto
dolorido da miséria.

Não há respostas,
sequer reação.
Os mesmos olhos que fitam
no silêncio
da perdida reflexão,
vertem lágrimas tardias,
solitárias no abandono
sofrido da miséria.

Não há respostas,
sequer há reação.
Suspirante,
azo à resignação,
deita-se no duro chão,
cobre-se com os trapos da aflição,
e mergulha no sono
sem sonhos da miséria.

Seu nome: Maria Quitéria.

domingo, 19 de abril de 2009

Tessitura poética

Anima Mea


A Alma é força presente
avessa à ação
e pivô de toda sazão.

É alegoria da criação,
travestida em dobras,
e desdobras.

No fim,
perdição
entre o eterno e o instante.

Por si só bastante,
é pobre dependente
da carne que se avilta aos vermes.

Nela, na alma,
tudo e nada.
concerne.

No entanto, viver o atesta:
a Alma do mortal racional
é tudo o que resta.

sábado, 4 de abril de 2009

Tessitura poética

Nudeza Temporal


Tudo o que conta é o tempo.
Além dele nada há.

Os segundos todos,
pobremente contados
em estriamentos locais,
nada mais são
que os fiapos
frágeis dos panos
que se abrem,
e se fecham,
no fugaz acontecer
das existências todas.

Há os lampejos,
mortais centelhas
na ribalta das almas
acontecidas,
reveladas
no despudor das carnes.

E o que conta,
de tudo,
é o tempo:
eterno,
e também fugaz.