sábado, 25 de julho de 2009

Tessitura poética

Sempre foi mais

Não foi repouso
o pouso do beijo
nos lábios de Jandira.

Rosados,
úmidos,
entreabertos ao fim de dizer-me:
- “Beija-me.”

O pouso do beijo
nos lábios de Jacira
foi mais, mais, mais...
perdição nos tremores do gozo.

Rosados lábios carnais
entreabertos ao final de dizer-me:
- “Tenha-me.”

Não foi repouso o beijo
nos lábios de Jandira,
nem repouso foi beijar
os lábios rosados de Jacira.

Nos lábios de Jacira e de Jandira,
rosados, úmidos e carnais,
tudo sempre foi mais, mais, e mais...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Tessitura poética

Da poesia

Disse-me um jovem,
ser, a poesia,
coisa chata escrita em verso.
Coitado,
mal humorado,
sequer prosa lia.

Importa pra mim, eu dizia,
ser, a poesia:
o trem,
o carro e a carroça de outrora,
ou, muito HP a mil por hora
no hidramático de agora.

É barco e navio transatlântico,
até mesmo canoa furada
no escrever romântico;
ou, pipa alada
ao vento semântico.

Às vezes, é tronco tosco
e deslizante,
ou, preso no enrosco
de algum significante.
É avião teco-teco,
ou bólido esvoaçante;
até nave estelar teleportante
deste poeta, pela alma um viajante.

As viagens, dizia eu,
feitas com a poesia,
pra mais de cem,
tumultuadas sempre,
às vezes zen,
talvez rimadas com desdém,
ou proseadas, se me convém,
é tudo o que importa
para uma alma torta,
mas, que não está morta.

sábado, 11 de julho de 2009

Tessitura poética

Do olhar de quem me ame.


Olhe para mim:
o que vês?

Meus olhos,
que mergulham nos teus,
vasculham tua alma,
e cintilam contentamentos;
veem espelhados como meus
todos os sentimentos teus.

Meu olfato é cativo
das fragrâncias
que de ti se elevam;
dilatam-se minhas narinas,
sugam o nunca rarefeito
ar que vem de ti.

Que digo eu?...
neste fiapo do tempo
que me enreda
nos teus braços
perdendo-me da razão?

Olhe para mim:
o que vês?

Eu,
dilacerado pelo fio do tempo
que me descaminha,
fragmentado
em partículas que respiram por ti,
atmosfera que és
da minha existência,
amada minha.