quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tessitura Poética

Ritornelos


A ti, Terra Mãe,
Elevo meus cantos...
Ou serão meus gritos?

Serão, em princípio,
Elevados gritos
Que ecoam no
Espaço-tempo,
Ritornelos do meu
Próprio canto?

Territoriais,
Mortais,
Meus cantos-gritos.

Gritos ou cantos:
Universais paralelos,
Os territórios de encantos
Que dão morte ao consciente,
Ritornelos mortais ao inconsciente, e
Por fim, platôs de angústias,
De sofrimentos.

Territoriais,
Mortais,
Meus cantos-gritos.

Da alma – pássaros cósmicos –
Os apelos aflitos,
Desterritorializantes,
Meus cantos, meus gritos,
Apelos à morte,
Da morte reféns.
Meus cantos.
Meus gritos.

A ti, Terra Mãe,
Elevo meus cantos...
Ou serão meus gritos?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Tessitura poética

Moeda


Uma só.
As duas faces, irmãs.
De um lado, o Bem.
Do outro, o Mal.

No crucial momento
da concepção,
nasce também o portento
continuado da criação:
a moeda perenemente lançada ao ar,
no mesmo ar que se respira.

No entanto,
qual mão se estende para a acolha?
Pairando entre a sorte e a escolha,
mão alguma é estendida.
Não há inocência perdida,
entre vontade e Razão.

Tudo é sazão;
manifesto desejo
e circunstanciada ação
nas sinapses neuronais em lampejo.

O Bem e o Mal
germinam do mesmo pó cerebral.