domingo, 31 de maio de 2009

Tessitura poética

Do macro tempo

O tempo,
insidioso,
não é quimera,
e nos ignora:
devorador cronos, que é,
não nos insere;
nele, inseridos somos.

Guardião das bifurcações todas,
o tempo não as revela.
Antes,
goza os instantes todos
das oscilações que somos,
e temos.

O tempo não é medido,
nem medida é;
no entanto,
a ele concerne
medir os errantes que somos
no bifurcado escaninho
rumo ao termo que nos espera:
abarcadas que foram
nossas possibilidades todas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Tessitura poética

Ensejos


Estou vazio de amor:
vem, preencha-me.
Transbordo desejos:
vem, esvazia-me.

Dá-me tua boca
no mais intenso dos beijos;
suga-me as carnes
em arrepios de orgasmos.

Traze-me teus pensamentos,
teus cheiros, o calor,
as loucuras do amor.

Sejas tu, somente tu:
razão única dos meus momentos,
e alma dos meus sentimentos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tessitura poética

Flashback


Complementaridade temporal,
alusão causal do presente,
e busca inequívoca de tudo que passou.

Fábrica de memórias,
o presente foi,
em todos os instantes,
o futuro constituído em por vir;
e fadado é tornar-se
passado travestido
das lembranças que temos.

Flash reminiscente,
reiterado e mutante,
germinado no mais cruel desdobre abundante.
feito para que não sobre:
lampejo presente,
bifurcado estoque é do futuro,
e passado circundante.

E lembramos,
e reiteramos,
e ratificamos erros e acertos espiralantes.

sábado, 9 de maio de 2009

Tessitura poética

Vacilos


Simples é a vida,
de coisas ordinárias é soma,
e regularidade aviltada
em rizoma.

Na vida,
tudo é cotidiano,
e tudo se perde
na orgia do pensamento.

Há esperanças de alento,
mercê do Eterno portento:
e complicamos,
e mudamos,
e vivemos.

Simples é a vida:
reveladas somas
a cada instante
no viver espiralante.

Ou, claudicante!?

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Tessitura poética

Ai. Que dor!


Quisera ser apenas pueril,
e simplesmente;
tão somente criar rimas verbais
que falassem só de amor.

Mas, o quê; nem sei porquê:
talvez por destino vil
à mercê de centelhas cerebrais,
desprezo a rima, e faço loas à dor.

Talvez, de cotovelo,
em verso retorcido e ardiloso,
e não há aí nenhum zelo,
o que me deixa desgostoso.

Quisera falar só de amor:
e sobe cá um teimoso calor
ao qual dou imenso valor,
mas, por não ser pueril, lá vem a dor.

No que posso, e desejo,
dos neurônios roubo algum lampejo
e crio do amor alguma rima,
desde que não me deprima.

Ai, que dor!