quinta-feira, 25 de março de 2010

Tessitura Poética

Transitoriedades


Efeméridas.

Por quê?

Qual a razão alada,

a neura predadora

para um só dia?


Cinzas tornadas vida,

signos da lembrança

de que também efeméridas somos,

e poeira redundante

que se faz em vida,

no temporal

e frágil oscilar das horas.


E tudo é efêmero.

Mesmo as juras do amor eterno,

que esmaecem ao final de um só dia.

sábado, 20 de março de 2010

Tessitura Poética

Ofuscamentos


A nudeza exposta do teu rosto,

antes do fascínio,

desconcerta.

Oposta à castidade,

a perturbadora presença.


Traveste-se,

indisfarçada, na revelação

dos panos carnais

da sedução

martirizante.


O teu rosto

cega a vontade,

subjuga um tempo de amar,

traz padecimento

por paixão.


Tudo, no teu rosto,

Amor.

Consumação de irrevelados mistérios,

ou, de possibilidades?

E nada de transparências.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Tessitura Poética

Silêncio


Nada ouvir.
Nada!
Sentir na alma,
dor e nostalgia.

É tua ausência,
que faz no silêncio
o pensar de saudade
na tarde em agonia.

No silêncio,
geme a alma
de dor tão certa
de sentir-te longe.

A tarde, vai!
A noite, vem.
O silêncio cai.
Dói a alma.

Há o gemido profundo
que clama e chama.
Arde o amor infecundo.
A alma inflama.

Silêncio!
O querer-te... ouvir-te.
Sofrer na alma
a melancolia.


No silêncio...
profundo,
quase morrer
de amor que dou a ti.

terça-feira, 9 de março de 2010

Tessitura Poética

O nada e você


Estonteante singularidade essa,

a de todas as incertezas.

Assim como frágeis são

as certezas

no estridente quebrar

constante da existência.


O mesmo se dará com o amor?

Entidade subjetiva,

e singular,

frágil dependente,

suspenso que é entre a razão

e o ardor de fugaz paixão.


No amor há as incertezas,

teorias de abandonos,

suspirantes pulsares,

e também ardores singulares.

E há as incertezas.

Amo você.


Você me amará?

Nada. Nada.

Somente as incertezas.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tessitura poética

Oposições


Deus!

Pode

o frágil peito

resistir ao turbilhão,

cósmico talvez,

que é a perene busca pelo amor?


À alma e corpo,

dicotomia de existência efêmera,

talvez,

engastada no frágil existir,

cabe procurar pelo sonho,

talvez impossível,

do encontro do amor duradouro,

eterno por desejo,

se ele parece existir

sempre além do devir,

tão distante está.


Resta o canto poético,

ao poeta, talvez,

como desesperado sinal fosse,

que clama por respostas que tanto tardam a chegar.


Belos cantos que se consomem

nas distâncias infinitas das buscas

feitas de desencontros.

terça-feira, 2 de março de 2010

Tessitura poética

Vida Rizoma


Assim é a vida:

incerta como o rizoma.


Nunca se é árvore,

previsível,

até mesmo no balançar

dos ramos

sob a fúria das tormentas,

ou na rotina torturante

da singular existência.


Antes,

se é o mais belo dos apelos

ao rizoma das perenes metamorfoses.

Estas,

sim,

tecelãs de todos os fios

sedosos das teias de todos os amores,

dos eternos todos amores,

no revelado existir das existências todas,

se assim se é.


Que a nada tolda,

Pois que o rizoma não se tolda.


Travestis,

é o que se é,

na multiplicidade de tudo o que se é,

espelhados rizomas de outros rizomas,

que se é.


A vida, assim é:

como o rizoma, incerta é.