quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tessitura Poética

Tudo acontece nas horas

Pêndulos
na existência incerta dos sonhos.
Oscilações na busca inquietante
de oníricos mundos,
cujo horizonte se desmancha
em caminhos também incertos
que levam a ter outros sonhos,
e sonhos com o amor.
Sempre o amor:
longínquo,
desesperado,
e perdido amor.

Tanto!
Que o amor aparenta ser
o próprio sonho:
intocado,
e intocável.
Essência suave dos anjos,
loucura ou terror das trevas,
que nos consome,
como consumidas são as horas.

Continuamos pêndulos,
decalques singulares e estanques,
rascantes,
na dolorida perdição
entre amor e paixão.
Sonhos!
Meros sonhos
travestidos em desilusão.

Nas horas
o amor se consome.

sábado, 17 de abril de 2010

Tessitura Poética

Para além do tempo

Deslizamos
rumo ao temporal
e negro cósmico,
em manifesta gestação
sob o malho constante
do tique-taque
angustiante,
quando viver é estar incessante
sob o peso
e o rigor
do martelo da demolição.

E deslizamos no tempo,
mortais
como o são as horas.
No entanto,
somos eternos
no espírito
e na matéria,
reféns do lampejo vital e torturante:
o que haverá além do tempo?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tessitura Poética

Bipolaridade no Amor

Subjetivo,
o amor é perfeito,
vivido nas almas.

Todavia,
há as imperfeições
nas singularidades;
há as dualidades
contidas na unicidade do ser.

Há as loucuras:
de amar,
de pensar-se amado,
e ser preterido.

Há dualidades
nas singularidades,
se há o amor
que ama a outro amor.

Há as singularidades,
e há as dualidades,
no ato simples de amar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tessitura Poética

Estarás no devir?


Devir:

navalha do tempo,

ceifa inclemente da colheita,

e da vida

as melhores oferendas traz,

também os horrores.


Por certo,

mesmo,

há as incertezas,

e o angustiante correr das horas.


Estará no devir

o possível encontro contigo,

amor sonhado?

Ou,

haverá o horror perene dos desencontros

no ceifante deslizar das horas?


Devir!

Oráculo das incertezas,

e guardião dos perdidos amores,

ante ao qual debruçam os temores

de jamais ter-te como oferenda,

sonhado amor,

perdido que estás

nos meandros de todos os desencontros.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tessitura Poética

Paradoxos

Parecemos loucos,
e não o somos:
veja-se os sonhos.

Somos loucos,
e não parecemos:
veja-se a vida.

Tudo,
a um fio do pesadelo,
e da loucura.

O pesadelo,
a loucura,
é jamais nada possuir de si.