domingo, 21 de outubro de 2012

Ouço um click!
Talvez seja eu mesmo acendendo as luzes deste espaço por mim abandonado.
Talvez eu me anime a dar-lhe vida, outra vez.
Talvez... e talvez esta seja a palavra mais verdadeira.
Na dúvida, apago as luzes, mas, deixo uma vela acesa.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Liberdade

Em 1789, foi desencadeada no mundo a tormenta da liberdade, um dos tripés dos ideais da Revolução Francesa. A partir daí, e das comoções trazidas por outra tempestade, a Revolução Industrial, o mundo e o homem já não seriam os mesmos, pois que o homem moderno estaria criado, sendo, a partir de então, o Adão a repetir os mesmos pecados que levaram o Adão ancestral a ser “expulso do paraíso”.

Se tomarmos à letra a Liberdade Natural, teremos o “direito que o homem tem por natureza de agir sem qualquer constrangimento externo”.¹ Isso, assim posto, iguala o homem a qualquer outro ser da natureza. É o bicho. Tanto, que certa vez um dos magistrados do Superior Tribunal Federal, manifestando-se sobre uma questão do momento, dizia que qualquer pessoa presa tem o direito natural de buscar a liberdade. Fugir da prisão atende a esse princípio. É o bicho.

Pondere-se sobre a liberdade: esta seria o fato de se nascer, viver e morrer em paz. De fazer ou não fazer qualquer coisa à livre escolha. Seria isso, mesmo? Pois aí está a nascente de uma utopia. Das grandes. Das enormes. Seria... colossal?

Liberdade, a liberdade total, está em constante mergulho no buraco negro da relatividade das coisas. E, certamente, desde que foi escrita a letra “L” do título acima, até este momento, certamente mais relatividade foi acrescentada à liberdade, e mais voraz se tornou o buraco negro da relatividade do que seja a liberdade.

Não existisse o homem, e isso é difícil imaginar, e descartada a possibilidade de algo o substituir à altura, provavelmente os bichos estariam vivendo sob as mesmas regras surgidas no exato momento em que foram introduzidos no mundo, e sob o convívio de ser presa e predador estariam “livres” na natureza, mas, sujeitos continuamente às regras naturais impostas pelo fato de apenas existirem cada qual na sua espécie e habitat.

Mas. Criou-se o homem. Então: façamos as regras, infinitas regras não naturais, à imagem e semelhança do homem. E começa aí o morticínio da liberdade.

Não fosse o homem o ser pensante e social que é certamente sua existência se igualaria à aparente simplicidade da existência dos bichos. Todavia, o homem não é bicho, pois que é homem. Isso faz com que esse mesmo homem, tão sonhador com a liberdade, seja o ser menos livre a habitar a Terra, pois que é ágil e fecundo criador de regras, inclusive a de ser, por regra das leis, iguais em tudo, mesmo que seja de gênero diferente.

Talvez seja necessário compreender e até mesmo aceitar que o homem seja livre pela metade e a exatos 50%. Se não se ponderar e aceitar isso, é muito provável que os outros dois pilares dos ideais da Revolução Francesa, a igualdade e fraternidade, sejam anulados. 50%? Seria precariamente explicável. Somos dois gêneros, cada qual com suas liberdades específicas, e nos completamos. Somos seres sociais, e cada qual idealiza a sua liberdade que vai até à fronteira da liberdade do outro, e assim por diante. A liberdade do homem, considerada a singularidade, estaria continuamente confinada entre fronteiras continuadamente assediadas tanto pelo indivíduo que a julga ter, como pelo outro, que pensa a mesma coisa.

Tudo isso posto, fica claro que eu vejo a liberdade como algo relativo. Porém, e, paradoxalmente, eu me vejo como um cara livre, preso, todavia, a todas as regras que me detém em qualquer arroubo de liberdade maior do que me cabe como ser social. O resto... bem, o resto tem tudo a ver com Igualdade e Fraternidade.

1 www.dicio.com.br

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tessitura Poética

Loucura

Eu posso qualquer coisa,
Eu faço.
E tudo se faz
ao verbo do Meu pensamento.

As eras, os tempos,
os acontecimentos,
tudo se faz,
acontece e fenece.

O ensejo criador que me move,
também cria a morte,
e lança os dados da sorte.

Sou o Deus criador.
Autor da loucura de viver
sob a certeza que se vai morrer.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tessitura Poética

Bemóis e Lençóis

Madrugada insone.
Presentes ainda os sonhos.
No desalinho e desconcerto dos lençóis,
a intimidade dos acordes dos concertos de Bach.

No ar,
o cheiro e os sabores da amante mulher,
que o leito deixou.

Na madrugada insone,
as cordas inspiradas da alma de Bach em harmonia,
tecem a trama apaixonada dos pensamentos na amada,
que o tempo levou.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tessitura Poética

Carícias mentais

A janela vazia.
Ela, que tantas vezes foi moldura
do retrato vivo de Hortênsia
a olhar-me com seus meigos olhos verdes.

Estará Hortênsia agora sonhando?
Povoaria ela, então, os oníricos mundos
nos quais sonho nossos encontros carnais?
Ou, como pesadelo, vazios estão a janela e os lençóis.

Crédito dou aos meus adolescentes sonhos:
dorme Hortênsia, amada minha.
Para que a beije toda,
leva a ela a brisa o perfume de todas as flores.

Que a seduzam em êxtases e gozos,
a música suave de todas as liras celestiais;
afaguem-lhe o corpo os lençóis dos seus cheiros,
em carícias imaginadas nos meus jardins mentais.

Dorme Hortênsia, eu o sei.
E sorri inteira na felicidade dos sonhos.
Na janela, o imaterial retrato da amada,
que a brisa desfaz em perfumes e acordes angelicais.

sábado, 18 de setembro de 2010

Tessitura Poética

De um devotado amor

A morte chegou antes...
terá ela nascido quando eu nasci?

Não, amada minha.
Tudo aconteceu no exato momento que te conheci.

Eu te amei no exato instante
do pulsar do sangue quando te vi.

Na pira ígnea da mais intensa paixão,
por primeiro o desfalecimento, e morri.

O teu desdém, indiferente e frio,
foi a morte do amor que a ti devotei.

No entanto, reiterante meu sentimento,
da morte, tudo transmudou em sofrimento.

Você sempre esteve presente
nas fragrâncias que toda mulher exalou,
em todos os lábios que beijei,
nos olhares de cobiça que olhei...

Não... não sei.
Talvez não haja outra mulher à qual tanto amei.