sábado, 27 de junho de 2009

Tessitura poética

Selo de morte de um amor

- Ordinária! – disse-lhe seu homem.
O tapa na cara
fê-la ir do espanto
ao pranto.
E as mãos que cobriram o rosto,
de vergonha,
também do amor foram mortalha.

Passado o turbilhão da ira,
quis saber o que fizera.
Seu homem, consumido em ciúme,
olhar e sorrir para outro a vira.

Trazida da memória a circunstância,
tudo remontou à infância.
Lá prometera: um primeiro tapa,
também o último seria,
o drama da mãe, não repetiria.

Olhara, sim,
mas ao vazio o olhar dirigira.
E para si mesma então sorrira.
Descobrira, enfim,
onde e como ao seu homem diria,
que em seu ventre o filho trazia.

Houve súplicas,
implorado o perdão.
Isso jamais repetiria.

O amor vivido com paixão,
no peito sucumbiu à razão.
E para sempre,
o selo de um tapa,
ao querido amor deu um fim.

2 comentários:

Alice Matos disse...

Emoções que entendo bem...

Beijo para ti...

Maristeanne disse...

efvilha,

A agressividade está inserta em nosso código genético

Suponho que uma sociedade que produz continuas frustrações alimenta e fortalece esse impulso primário entre seus membros machistas...


Como poderia te dizer que zilhões de mulheres vivem hoje em campos minados de supostas "paixões doentias" como esta... sem coragem de dá um fim!?

Gostei do que escreveste.


(a)braços,flores,girassóis:)