quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Tessitura poética

Da mente


Luminária, ou,
buraco negro
incongruente,
estonteante.
Assim é:
a nossa mente.

Fonte de delírios,
e de todos os martírios.
Deusa do gozo,
mesmo que doloroso.

Abismo infinito,
que ora suga,
ora regurgita;
ora é fuga
à paranóia aflita.
Ora é encontro
ou até mesmo confronto.
Ora é busca
que a tudo mais ofusca.

Assim é, a nossa mente:
sã,
ou demente;
submissa
ou influente.

De todo o nosso ser,
o poderoso diluente
onipresente;
incessante no ato pensante,
intensificante,
ou,
circunstancial,
até ao lampejo final.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tessitura poética

Um momento...


Quem és tu,
vestida de rubra estrela,
que passas fugaz
no firmamento da minha existência,
o teu passar...
lento,
ondulante,
e sensual?

Teu olhar oblíquo,
o sorriso enigma,
um breve convite que se desfaz,
e mergulhas no infinito do tempo.
Deixas,
com o teu lento passar,
um rastro de incertezas,
turbilhão de pulsares...
de desejos,
e luzeiros no pensamento.

E aparentas, ser,
Simplesmente...
uma linda mulher!

sábado, 12 de setembro de 2009

Tessitura poética

Desterro


Tu és grande, Senhor.
Tanto, que a mim tens preterido,
embora não tenhas de todo esquecido
sendo Tu, o meu Criador.

Por seres tão grande,
desfizeste comigo, a identidade.
Tens, afastado de mim tua rostidade
nos desterros pelos quais eu ande.

Se és grande, Senhor.
Por que de mim tens afastado,
por que não me tens falado;
e das frias lajes te municias
para dizer-me o que anuncias?

Deste-me, Senhor,
por desterro, o processo linear;
tornaste-me sujeito ao clamor,
e estrangeiro da expansão circular.

Sois grande, Senhor.
A isso não há como me opor.
Por quê, então, distancia-me da esperança,
de partilhar contigo a aliança?

Tu, és grande Senhor!
Esse, o meu tormento, a minha dor,
por saber-me pó,
e invólucro de alma no desterro e só.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Tessitura poética

Naus errantes?


Viver:
são balanços das vagas da vida,
incessantes.
Nós?
A velame pleno
no infinito oceano Tempo,
Mar da Serenidade, jamais.

Alucinante viagem essa,
desconcertante.
Viver,
é ter quilha como fio de navalha gélida
a romper as incertas correntes do tempo
traçando rotas para nossos cascos de nau,
nessa viagem sempre inaugural.
Nós, deslizantes veleiros,
por engano ou por engodo,
julgados eternos náufragos errantes,
que não somos.

Que pequenino porto nos acolherá,
se temos os olhos plantados em todos os horizontes?