quarta-feira, 31 de maio de 2006

Encontros virtuais




Foi há muito tempo. Eu era mais que apenas um menino. Amava.
A cidade na qual morava, no interior do Estado de São Paulo, tinha como Santo Padroeiro, São João Batista, portanto, época das tradicionais festas juninas pelo Brasil afora. Tradição antiga na cidade, o dia 24 de junho era feriado, dia de grandes comemorações, de reunião de famílias. Havia quermesse. Exatamente quinze dias antes, começavam as festividades que se encerravam no dia do Santo. Por essa ocasião, sempre se instalava um Parque de Diversões na cidade, eventualmente, um circo ali também se instalava.
Todos os dias havia rezas que começavam às dezoito horas e trinta minutos. Rezava-se o terço, ladainhas, e cânticos de louvor ao Santo Padroeiro. Depois, aconteciam os festejos. O ponto principal era o enorme pavilhão que existia ao lado da igreja. Se você ficasse de frente para a igreja, o pavilhão ficaria à tua esquerda. Era no formato retangular. Do lado do sol poente, posicionado no meio da parte de maior extensão, havia um anexo com o piso um pouco mais elevado. Ali havia uma grande mesa, diariamente ricamente ornamentada, onde eram colocadas as prendas para serem leiloadas. Havia de tudo. Leitões, frangos, perus, pernis e quartos de cabrito caprichosamente assados e ornamentados; bolos confeitados com esmero; cestos repletos de doces e variedades de biscoitos; utensílios de cozinha; vasos e outras peças em vidro ou porcelana; cortes de tecidos; imagens de santos, enfim, uma profusão de coisas que eram rapidamente arrematadas. Dependendo das intenções dos doadores havia pessoas que o faziam em cada dia da quinzena, outros o faziam em novenas, outros por três dias; tudo dependendo do cumprimento de promessas e agradecimentos por graças alcançadas, ou esperadas. Tudo isso era anunciado pelo leiloeiro.
Terminado o leilão, alguns homens afastavam a mesa para os fundos desse anexo, e ali se instalavam sanfoneiros, tocadores de violas e violões, de pandeiros e, com músicas e cantorias, faziam o entretenimento das pessoas. Do lado oposto, outro anexo servia para o resfriamento e fornecimento de bebidas, tendo ao lado uma cozinha onde eram preparados pastéis variados, entre outros quitutes. A festa não tinha hora para acabar. A praça em torno da igreja era tomada pelos jovens e crianças que ali se divertiam.
Uma outra tradição antiga era o “footing”. Durante o restante do ano, todos os sábados e domingos, os rapazes e as moças se reuniam num espaço da avenida principal da cidade. Ao longo dessa avenida havia a sarjeta e o calçamento em frente dos estabelecimentos comerciais e das residências, mas o leito era de chão batido. No meio da avenida havia uma fileira de postes, espaçados, cujas luzes a iluminavam. Isso, até às vinte e duas horas e trinta minutos, pois, a energia era fornecida por um gerador movido por motor cujo combustível era o óleo diesel, e era religiosamente desligado a essa hora..
Logo que escurecia, iam chegando os rapazes e as moças. Aqueles se postavam a sós ou em grupos, nas calçadas ou no espaço entre os postes de iluminação. As moças, no mínimo em duplas, iam e vinham usando os dois lados da avenida. O “footing” acontecia ao longo de um quarteirão que ia da esquina onde havia a única sorveteria até o armazém do senhor Jeremias, na outra esquina. Era nesse espaço que aconteciam as trocas de olhares, sorrisos, flertes, encontros que, na maioria das vezes acabavam em namoro, noivado e casamento.
Um determinado lugar era ocupado pelas ainda meninas onde faziam as rodas de cirandas, rodas da passagem do anel ou do lenço, pulavam cordas, e se divertiam. Já os meninos, sempre suarentos e esbaforidos, ocupavam um lugar próximo da sorveteria para fazerem a adorada brincadeira do “salva-pega”. Alguns pais, vigilantes, sentados em cadeiras ao longo das calçadas, faziam rodas de prosas.
Toda essa rotina se modificava pela época da quermesse. O “footing” acontecia na rua da praça, em frente da igreja. Esta tinha um gerador próprio de energia que a servia, e ao pavilhão e arredores. Nesses quinze dias, o outro gerador que alimentava a cidade com energia, funcionava até à meia noite. Na praça, também, o espaço era bem divido entre os meninos e as meninas. Estas, com as suas eternas brincadeiras. Já os meninos se dividiam. Enquanto uns se divertiam com a brincadeira do “salva-pega”, outros formavam dois grupos num dos lados da praça e faziam “guerra” com traques, bombas, principalmente as “busca-pé”. O maior temor dos pais eram as “batalhas” feitas com pequenos rojões. Estes tinham uma pequena haste de madeira. Numa das pontas havia o dispositivo com pólvora para impulsioná-los, e o explosivo. Cada grupo se colocava a uma distância segura, portanto, os acidentes eram raríssimos. O perigo era quando um dos meninos de um dos grupos, mais atrevido e afoito, cortava a vareta de madeira e acendia o rojão. Nestas condições, era um perigo, pois não havia controle algum sobre qual direção tomava, e fazia loucos rodopios até estourar. E assim se passavam os dias e as noites até o grande dia, o dia do Santo.
Todos os anos, exatamente às seis horas da manhã havia uma salva de vinte e quatro explosões. Era feita uma encomenda especial, e se tratava de um cordão estopim que, a intervalos regulares continha uma bomba de grande potência. Ninguém resistia ficar mais próximo que cinqüenta metros do artefato. Mesmo em maior distância, percebia-se o efeito do deslocamento do ar. Muitos acordavam cedo para presenciarem essa queima de fogos. Assim que acabavam as explosões, repicava o sino da igreja, e a cidade já estava pronta para o grande dia. Nesse ano, o dia 24 caía numa terça-feira.
Durante toda a manhã, a praça era tomada por muita gente, pois, eram feitas várias brincadeiras e competições para as crianças e quem mais quisesse participar. Havia cabos de guerra; corridas em sacos; corridas com uma colher na boca tendo na concha um ovo; quebra de moringas repletas de balas, com os olhos vendados e acionando a esmo um bastão. Enfim, eram inumeráveis os entretenimentos até próximo da hora do almoço.
Cada família preparava o melhor para esse dia. Muitas, feitas encomendas antes, se serviam de um almoço que era feito no pavilhão da quermesse, onde era servido churrasco assado em uma valeta enorme e profunda, repleta de braseiro. Os grandes pedaços de carne eram colocados em longas varas especialmente preparadas. A carne assada era servida com outras várias iguarias.
Por volta das quinze horas, acontecia o leilão principal. Num lugar não muito retirado da cidade havia um curral onde eram reunidos os animais vivos, principalmente novilhos, novilhas e cavalos, tratados com esmero e doados por fazendeiros e sitiantes. Tudo era arrematado. Nesse ano, o valor que resultasse da quermesse seria aplicado no forro da igreja.
Às dezenove horas acontecia a missa, solene. A igreja e arredores repletos de gente. Como a missa ainda era celebrada em latim, o padre Diderico, com o seu sotaque europeu, fazia várias leituras e preces em cântico gregoriano. Claro, era um dia muito especial. Logo depois, havia a queima da fogueira. Nesse ano ela era imensa, e todo o povo, a uma distância segura, a vira arder. Quando a fogueira já era um monte de brasas e cinzas, alguns rapazes se aventuravam a “pular a fogueira”, como diziam. A verdadeira quermesse acontecia, o pavilhão e a praça abarrotados de gente.
Nesse dia, eu estive e participei de algumas brincadeiras. Havia estado no leilão da tarde, mas, com a chegada da noite, inexplicavelmente foi-me invadindo uma melancolia profunda. Em razão disso, eu me mantinha só, evitando as pessoas, os amigos. Nenhum lugar parecia atrativo para mim, e caminhava a esmo, sem entender o que estava acontecendo.
Num determinado momento, o mundo pareceu desaparecer debaixo dos meus pés, o coração acelerou, e minhas faces pareciam arder em fogo, um ligeiro tremor tomou conta de mim. Hortênsia! Não era sonho ou ilusão. Ela estava ali, a alguns passos apenas, alegremente conversando com um grupo de amigas. Ela não me viu. Como pude, procurei dominar a forte emoção, e me afastei indo para o lado direito da igreja, lugar pouco freqüentado. A surpresa fora grande demais. Pelo que eu sabia, Hortênsia deveria estar no colégio, numa cidade não muito próxima, no qual era normalista interna.
Ao dobrar o ângulo direito da igreja, deparei-me com outra visão, de tirar o fôlego. Era noite de lua cheia. O céu estava límpido, não soprava a mínima aragem, e a temperatura era amena, deliciosa. A lua, enorme devido ao fenômeno de estar próxima do horizonte, se insinuava um pouco acima das casas e árvores. Mas, aos poucos, parecia que ia se despindo, elevando-se lentamente, exibindo-se. Enquanto a olhava erguer-se majestosa na noite, havia na minha mente um turbilhão de pensamentos.
Primeiro achei-me tolo. Por que não fui adiante até que Hortênsia me percebesse? Por que somente agora eu a vira e não em todo o final de semana, se ela ali estava? Entre todos esses e outros pensamentos, permanecia a sua presença, ligeiramente captada pelo meu olhar, e a minha fuga inexplicável. Tudo isso eu fazia, de olhos fixos na lua que, insinuante,
despia-se diante de mim.
Ela agora se mostrava por inteiro, já bem acima das casas e das árvores, quando percebi uma presença ao meu lado. Um delicado e suave perfume se espalhou pelo espaço ao redor, perfume esse que eu reconhecia. Olhei para o lado, e ali estava Hortênsia, junto de mim, e olhava para a lua. Seus cabelos, de um loiro escuro, tinham, naturalmente, algumas mechas mais claras. Estas, pelo arranjo que ela fizera no penteado, destacavam-se sob o clarão da lua. Também seus olhos, verdes, meigos, brilhavam como que hipnotizados pelo luar. Nas faces, uma bela expressão de quase êxtase. Enquanto ela admirava a lua, eu não conseguia desviar os olhos dessa mulher tão amada. Ela era mais bela que qualquer luar.
Passado algum momento, ainda olhando para a lua, ela disse:
- Linda! Não é?
Sufocado pela emoção, mal pude balbuciar algo em resposta afirmativa.
Ela, novamente, rompeu o silêncio e disse:
- Você sabia que ela é um lugar de encontros?
Hortênsia sabia de mais coisas que eu. Olhei para a lua e, num esforço enorme, respondi-lhe com uma pergunta, a única palavra que me veio à mente.
- Verdade? – eu disse.
Hortênsia segurou minha mão e entrelaçou os seus dedos aos meus. Nesse gesto, mesmo com a pressão que ela fazia, havia uma suavidade indescritível, o que me abalou por inteiro. Passados breves momentos, ela disse:
- Os enamorados, quando sabem que irão ficar distantes por muito tempo, costumam marcar um ou mais dias, e determinada hora. Então, combinam olharem para um ponto qualquer na lua, e se imaginarem assim, juntos. Então... deixam seus corações, suas mentes, dizerem tudo o que diriam se estivessem juntos.
- Verdade? – tolamente repeti.
Ela pressionou um pouco mais sua mão. A esta altura, minha mão experimentava um calor delicioso, transpirava, trêmula de emoção. E Hortênsia completou:
- Ouvi dizer que, quando há muito amor, um e outro coração pode ouvir o que o outro diz, mesmo que seja de bem longe. – após breve pausa, acrescentou:
- Eu acho lindo isso.
A esta altura, som algum sairia da minha garganta. Eu apenas gozava esse instante de paraíso, e parecia flutuar, num arrebatamento jamais vivido por mim.
Instantes depois, ouvimos que alguém a chamava. Eram duas das suas amigas. Disseram-lhe que seus pais a procuravam, pois queriam ir para casa. Hortênsia agradeceu-lhes o aviso, e disse que iria logo.
Então, colocando-se diante de mim, tomou-me a outra mão, e disse:
- Jamais vou esquecer você. Toda vez que eu ver a lua, não importa que seja uma mancha esbranquiçada num céu azul, vou pensar em você.
Apertou-me as mãos ainda mais e disse:
- Adeus.
Ficamos ali parados por uns instantes, olhando-nos. Eu já não a via com clareza, pois lágrimas afloraram aos meus olhos, turvando-os, mesmo que eu resistisse. Depois, suavemente ela largou minhas mãos e se afastou. Antes que eu a visse desaparecer por trás da igreja, percebi que ela, com as mãos, enxugava lágrimas que lhe escorriam pelas faces.
Ainda aturdido, fiquei ali mais alguns instantes. Nada mais me importava naquela noite, e fui para casa. Deitado, não conciliava o sono, e pensava e repensava cada momento vivido. Inquieto, rolava na cama, por horas, até que percebi por uma pequena fresta da janela do quarto, um fio de claridade. Abri a janela e vi a lua que já declinava cedendo lugar ao sol que não tardaria em aparecer. Havia, agora, uma fresca aragem. Aos poucos foi-me tomando uma espécie de torpor. Voltei para a cama e acabei adormecendo. Não me lembro de ter sonhado algo. Nenhum sonho, por mais belo que fosse, jamais se igualaria os momentos reais vividos por mim naquela noite.
Dias depois eu soube por uma amiga de Hortênsia, de que houvera, no sábado, o casamento de uma parenta que morava distante. A muito custo, seus pais haviam convencido a diretora do colégio internato que permitisse a sua ausência para ir ao casamento e passar o feriado com a família. Haviam chegado à casa tarde da noite da segunda-feira, pois que alguns festejos de casamentos naquela época, costumavam durar até três dias. O compromisso era que Hortênsia deveria estar no colégio no máximo até a hora do almoço, para não perder, também, as aulas da quarta-feira à tarde. E assim foi feito.
Essa mesma amiga deu-me outra notícia que abalou-me profundamente. Nas próximas férias, em meados de julho, Hortênsia não viria para casa. Seus pais, apesar da época do ano, combinaram com alguns familiares passarem todas as férias no litoral. Na ida, pegariam Hortênsia no colégio e, na volta, lá ela ficaria sem vir ter à casa.
E assim foi que, primeiro a distância, depois o tempo, nos afastaram para sempre. Em meados do segundo semestre, por questão de trabalho, minha família mudou-se para uma cidade maior, relativamente distante. Antes de completar um ano em que ali moramos, também por questão de trabalho, minha família resolveu mudar-se para Santo André, no ABC paulista.
Ali amadureci um pouco, já trabalhava. Haviam se passado quatro anos desde a primeira mudança. Nas primeiras férias que consegui, planejei e fiz uma viagem à cidade que me vira crescer até a adolescência. Meu coração ia esperançoso por reencontrar Hortênsia. Ele, porém, encontrou apenas a desilusão. Um ano depois de eu ter-me mudado dali, o pai de Hortênsia vendera a fazenda onde cultivava café, e comprou outra fazenda em um lugar distante, e tornou-se pecuarista. Lá agora viviam. Hortênsia, pelo que uma das suas antigas amigas sabia, estaria noiva e se casaria no próximo ano.
Então, naquele nosso encontro na noite de quermesse, aconteceu o nosso primeiro, único e derradeiro contato físico.
Existe, na lua, eleito por mim, um lugar que é só nosso. Na lua cheia, quando as nuvens o permitem, eu para lá olho, relembro nossas mãos entrelaçadas, e confesso à Hortênsia que não a esqueci, que ela foi o meu primeiro e tão delicioso amor.
Passaram-se os anos. Hoje, se me olho no espelho, percebo o que o tempo fez comigo. E me recuso a convencer-me que o mesmo tenha acontecido com Hortênsia. Para mim ela é aquela bela e meiga jovem que, por algum tempo, aqueceu-me o coração com o seu, e demonstrou compartilhar o amor comigo. É essa Hortênsia, meiga, jovem e bela, que eu levarei comigo para a eternidade. Posted by Picasa

terça-feira, 23 de maio de 2006

Biodiversidade Social



As portas da cidade estão abertas.
Adentram os esperançados.
Saem os desiludidos,
Possuídos,
Herdeiros do caos.

Traçam rotas incertas,
Calcadas suas crenças.
Nos olhos os panos baços.
Do furor, apenas traços.
Estigma de maus.

Do Poder as falas e alertas.
Os grilhões armados em pinças,
Alimento do repúdio vil.
Lâminas caladas no fuzil.
Proprietários do caos

Oprimir os fracos concertas,
Cultor insano de desavenças.
Esteias força na fortuna.
A queda... é quimera oportuna,
Estirpe de maus.


domingo, 21 de maio de 2006

Coisas da minha cidade!



A fachada acima pertence à nossa Casa da Cultura. O trabalho de Arte nas laterais do edifício, infelizmente pouco nítidas na foto, recuperou, do tempo, técnica usada na antiguidade pelo povo etrusco.
Para fazer esse trabalho há que ter sido feito um minucioso projeto, pois várias camadas de argamassa colorida, especialmente prepada, devem ser aplicadas. Nesse caso, seis foram as camadas. No fundo, a primeira camada, é aplicada argamassa na cor negra, que dá a nocão de profundidade. Depois, para cada camada, há que ter sido feito um cuidadoso projeto determinando o exato local onde será aplicada a argamassa na cor requerida. Isso significa que, em cada camada, há uma mescla de cores. Por último, aplica-se uma fina camada de argamassa branca. Esta camada receberá, então, os traços, o desenho da composição final. Depois, em sulcos e raspagens, num paciente e minucuiso trabalho feito com espátulas, vai-se retirando a argamassa, até atingir a forma e a cor determinadas pelo projeto inicial. Quem elaborou e coordenou todo o projeto foi o Sr. Edio Strei. Os escultores, os chamaremos assim, foram pessoas da nossa comunidade, cada qual se ocupando de um dos detalhes. Estre eles, estivemos eu e minha esposa Lucidalva que, por 9 anos, foi Chefe da Divisão de Cultura do Município. Foi um trabalho prazeroso! Não teve hora para começar ou acabar, pois tudo dependia do tempo de cura da argamassa que não poderia ser desrespeitado, pois poria o trabalho todo a peder.
É um espaço felizmente muito utilizado, acolhendo incontáveis e variados eventos.
Na última sexta-feira, dia 19, fomos brindados, por aproximadamente duas horas, com um magnífico trabalho peparado pelos 23 rapazes que freqüentam o Seminário São Cura D'ars, aqui da nossa pequena cidade. Dezoito dos rapazes freqüentam o Seminário Menor, que são os primeiros anos do estudo regular, entre outras coisas. Cinco deles já estão fazendo um ano de Propedêutico, que os prepara para o ingresso nos estudos da Filosofia. Destes, tenho a honra de ser professor da língua portuguesa e desenho.
Seu evento: "Academia Literária".
A partir dos pensadores da antiga Grécia, até o momento contemporâneo, fizeram uma viagem pelo mundo do hipetexto, com trechos da poesia e da literatura Universal. Entre eles, é claro, os da poesia e literatura luso-brasileira, muito bem escolhidos.
Entremeando essas peças da literatura e poesia Universal, incluíram textos de suas próprias lavras. Nestes casos, foram momentos de feliz descontração, pois que exploravam suas próprias experiências vividas no dia-a-dia do Seminário.
Não há que se relatar aqui todo o evento. Mas, dois momentos, mesclados por textos da literatura e da poesia com algo por eles preparado, a mim, pelo menos, foram momentos marcantes.
Num deles, três rapazes falavam da busca incessante da felicidade, pelo homem. Este, às vezes tão fixado está na busca da felicidade alhures, não percebe que talvez seja, ela própria, o caminho pelo qual o homem caminha à sua procura.
O outro, apesar do tema "vida e morte", uma dupla nos fez rir a valer, mesmo sendo o tema tão sério. Numa constante interação com o público presente, nos fizeram ver que as duas, vida e morte, nascem juntas e caminham o tempo todo de mãos dadas para, num determinado momento, se enlaçarem num único e derradeiro abraço.
Sete dos rapazes, contanto com violão, baixo, e instrumentos de percussão, fizeram um roteiro musical em perfeita harmonia com as coreografias e as falas.
Muito boa a performance dos seminaristas. É claro, houve momentos hilários pois que, num espetáculo desse porte, sempre há algum deslize. Somente quem nunca fez algo igual, desconhece que, em situações de eventuais esquecimentos do texto, há a alternativa do improviso. Nisto foram, também, muito felizes, descontraídos.
E assim aqui vivemos.
Reafirmo. Aqui existem os acontecimentos resultantes da nossa própria condição humana. Mas é um lugar onde respiramos e transpiramos paz. Posted by Picasa

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Um pontinho qualquer?


Denuncio!
Eis, de corpo inteiro, a minha cúmplice.
Cúmplice numa aventura de mil e um dias e igual tanto de noites, indefiníveis, pois que indefinível é o mistério que oculta a eternidade. Assim, enquanto matéria, eu, e ela, pactuamos nossas existências como sendo eternas.
Juntos, cada ínfima partícula de mim, cada átomo que a compõe, juntos, fomos protagonistas do surgimento do cosmo, do universo em expansão. Grande feito, para uma dupla tão pequena!
Ela, é claro, já existia por inteiro antes de mim. Num dado instante, emprestou a meus pais algumas das suas partículas que, unidas no útero materno, iniciaram a saga de construir-me enquanto Ser. A partir daí, cúmplice generosa, partícula por partícula, foram-nas emprestando a mim até eu chegar ao que sou hoje, enquanto matéria. Cósmica, resplandecente de vidas, de inumeráveis vidas, também foi generosa com a minha alma à qual sempre se comunicou por meio de infinitos signos. E, assim, cumpria-se, cristalizava-se, a nossa cumplicidade no ato de viver.
Quando a vejo, assim, por inteiro, eu a vejo corpo e alma num planeta tão belo. Mágico, como em O Pequeno Príncipe.
Eu, no mágico momento em que essa imagem foi congelada como registro sígnico, estou ali, invisível, pois que, diante dela sou apenas uma partícula. Mas estou ali, nem que seja no outro lado não banhado pela luz, pois que de dias e de noites, nos saciamos na indecifrável fonte do tempo, de outro tempo, que não se conta em giros e rodopios em torno da tocha ardente do rei sol. Apenas nos banhamos em sua luz, e a partir da sua luz nos revelamos. Vida! E, juntos, protagonistas da existência, nos unimos a um sistema solar, e bailamos, bailamos, em cósmicos rodopios.
Ela? Um pontinho. Uma esfera azulada, embalada num dos braços de uma das milhões de galáxias espalhadas por aí! Sem luz própria, ela se revela à luz do sol. De outras estrelas, de outros sóis, será ela percebida? A mim, sei que não, eis que sou apenas partícula.
Somos, ambos, um pontinho qualquer numa viagem cósmica sem um destino certo onde ir. Um contido no outro. Eu, invisível entre as texturas, matizes, tons e cores que a compõe. Ela, resplandecente jóia de inigualável beleza, fazendo sua dança mágica que pactua com o devir da vida.
Eu, um pontinho, num certo tempo, é certo, me desfarei, serei partículas dispersas, prontas para um novo o que der e vier. Não importa! Vivi em cumplicidade, de vida, com essa esfera azulada e bela.
Ela? Resistirá, ainda, aos tempos. Creio que sim, ainda!
Mas, temo por minha cúmplice. Pois que ouço seus silenciosos lamentos, leio cada sinal de dor que a cada momento a agride, a fere, e a faz pôr-se em perigo. Ouço seus lamentos, seus pedidos de socorro, talvez nunca ouvidos ou compreendidos, por outros pontinhos como eu.
Pois, que, eu, partícula, não estou só nessa imagem tão bela. Bilhões de outras partículas há. Às vezes, partículas virais que não a tem como cúmplice, mas, sim, como seara onde espojar a ganância sem fim.
Temo por minha cúmplice! Perderá ela, um dia, seu tom azulado, sua cor? Se desfará, ela, como é certo que me desfarei?

Para que palavras? Por que tentar dizer em palavras, o que sinto quando vejo essa imagem tão bela que, azul, bela, por inteiro se revela? Posted by Picasa

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Tessitura sobre tela

Alegorias de Angola IV (2002)


Nos traços suaves, elegantes, do perfil de uma mulher, o registro em cores de um momento da história de um povo.
Cada entidade humana, cada etnia, cada nação, tem o direito à liberdade e à vida.
A Natureza, é anterior e concomitante ao homem. Parceria e cumplicidade na coabitação neste belo Planeta.
Da mesma raiz "húmus", é contituída a vida, enquanto matéria. Como matéria, nasce e se desenvolve a partir de uma mesma fonte: a Terra.
A Alma? É incolor. É espírito. E sua origem advém de uma única e mesma fonte: do mistério de onde procedem todas as almas. Posted by Picasa

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Pizza!

Aprecio boas pizzas!
Aqui em casa, quem as prepara, sou eu. Massa caprichada, fina, levemente crocante. O molho, abundante, feito com tomates bem escolhidos e um tempero equilibrado, suculento, que realça o sabor da pizza. A cobertura, ou recheio, é generosa, com uma boa combinação de ingredientes. Minha família diz que é aqui em casa que comem, sempre, a melhor pizza. Bem, é minha família, e há de se esperar que me façam mimos com seus elogios. Os amigos, também se desmancham em elogios. Claro, às vezes os amigos nos querem ver satisfeitos.
Um dia desses, por comodidade, tempo, curiosidade, trouxemos para casa três pizzas. Daquelas que já vêm prontas, das quais se faz propaganda na televisão. Na propaganda, céus, ao se retirar a fatia, o queijo parece uma cascata imensa, indecisa: vou com esta fatia, ou fico no restante da pizza.
Na embalagem, a mesma imagem. Em casa, tiradas da embalagem, as primeiras suspeitas: não serão iguais às da propaganda. Postas no forno a assar e, ao servirmo-nos, nenhum filamento de queijo ficou na dúvida. Cada fatia, era uma fatia, soltinhas umas das outras.
Bem! Quando nós queremos tirar uma foto cheia de formalidades, queremos que cada detalhe seja revisto: a pose; a roupa; o perfil; se de gravata, que o nó não esteja torto; os cabelos alinhados; esses cuidados todos. Pois bem! Para esse tipo de pizza, também são dispensados todos os cuidados com sua aparência, na propaganda. Esse pessoal conhece isso: sabe que, numa pescaria, é normal o peixe ser fisgado pela boca; a nós, pelos olhos. E assim, é.
O melhor mesmo é telefonar para "entrega-se em casa", de algum endereço que conheçamos e sabemos o que nos trarão.
Muito bem! Existe um endereço de onde saem fornadas incontáveis de pizzas. Todas horríveis, de aspecto e sabor repugnantes, que agradam e satifazem apenas a uma minoria. Às vezes, pela televisão, quando sai uma fornada, é fácil ver a massa de comensais aplaudirem, se abraçarem com estusiasmo, e até dançarem na frente das câmeras, num clima invejável de festa.
Provavelmente você já deve ter adivinhado o endereço. Sim, é esse mesmo. Fica mesmo em Brasília, mais precisamente na praça dos três poderes: o Congresso Nacional.
Eu admiro, enquanto arquitetura, aquele conjunto maravilhoso: dois espigões interligados, tendo de um lado um prato (ou coisa parecida) posto na posição de ser servido, e no outro, um prato emborcado.
Não sei, não. Reconheço que é uma obra prima da engenharia arquitetural. Mas, sempre, lá num cantinho da minha mente fica cutucando uma impressão, uma infomação sígnica, deixada pela imagem dos pratos: um na posição de recolher, outro na posição de despejar.
Dá impressão que o pessoal que ocupa aqueles espaços nos dizem assim: - Nós, que estamos aqui, recolhemos - com o prato voltado com a "boca" para o céu - todos os vossos impostos, tributos, taxas, propinas, e tudo o mais que cheire a dinheiro. Num passe de mágica, o outro, emborcado, nos despeja no colo tudo o que cai no outro. E assim parece ser. Basta a gente acompanhar, a cada ano, as vergonhosas disputas e negociatas que há em torno da discussão, ou divisão, do orçamento da União. E, no resto do ano, as negociatas escusas, salpicadas de grossas propinas.
Nas oficinas de produção das pizzas, que são os espaços das comissões, salas de reuniões de lideranças, nos palcos das CPIs, corredores, é de onde saem as receitas e os tamanhos das pizzas, sempre atendendo aos paladares dessa minoria.
A União, significando Brasil, para esse pessoal: bem isso é outra coisa.
Já falei algo do que devemos fazer, numa postagem anterior, sob o título de: Paz!

domingo, 14 de maio de 2006

Um momento de devaneio.

Devaneio: cores (2005)


Eu me lembro! Era um daqueles momentos de profunda inquietação da alma.
Pôr tudo para fora!
Mas, como?
Poesia? Rica essência! Porém, a mente vazia.
Prosa? Uma força maior: a de se calar.
Sair por aí, numa longa caminhada? Dúvidas, dicotomia de vontades entre o corpo e alma. Aquele querendo ir, esta, ficar.
Estender-se num sofá, ou cama? Ver televisão? Ler?
Não fazer nada?
Puz-me, então, diante da infinitude do branco de uma tela, e deixei minha alma se expressar através das cores.
No fim, pensei: minha alma não estava num momento tão negro assim, apenas ela queria aflorar, mostrar-se colorida, e um pouco harmônica em relação aos traços e às cores.
O resultado desse devaneio? Ei-lo, aí, por inteiro.
Nossa alma, que bela, nunca está vazia! Posted by Picasa

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Cifras!

 Estatísticas. Há que se desconfiar delas. 20%. Ainda mais se elas nos apresentam cifras redondas assim: 20%. Pois foi esse o número que, há pouco tempo passado, nos foi dito ser a porcentagem de aluninhos brasileiros reprovados ao final da primeira série dos estudos, isto é, da 1ª à 4ª série. Se verdadeira, essa cifra é preocupante. O mesmo acontece se sofreu alguns arranjos de arredondamentos, e são, portanto, próximas a isso.
Façamos algumas considerações. Tenho participado de Simpósios/Encontros, nos quais são discutidas as questões que envolvam a Inclusão das pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, no ambiente normal da escola. Está mais do que tardia essa preocupação. Muito bem, num desses encontros, foi divulgado que é comprovadamente histórico que há em torno de 10% de pessoas que têm alguma deficiência, seja física, mental, de visão ou de audição, bem como aquelas atingidas pelo TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hipertatividade. É um número expressivo. Como o assunto Inclusão aqui no Brasil - é minha opinião - ainda se encontra na fase embrionária, é bem possível que essa população esteja excluída da cifra: 20%. Caso isso seja verdade, mais preocupante é a situação.
Normalmente, o público infantil que freqüenta as primeiras séries escolares, é assistida por instituições que estão sob a responsabilidade direta dos Municípios. Exclui-se, portanto, aquelas cuja posição geográfica e ecomômico/financeira da família, permite que freqüentem escolas particulares que, teoricamente, estariam melhores estruturadas.
O que tenho percebido é que, nas instituições mantidas pelo poder público, pode estar ocorrendo um equívoco. Equívoco esse que pode gerar sérias conseqüências no resultado final das relações de Aprendência dos alunos por ela assistidos. Que equívoco seria esse? Quantidade x Qualidade.
Em várias instituições que conheço, os alunos são freqüentemente retirados da sala de aula para terem, entre outras coisas: educação física, "aulas de informática", educação artística, ensaios freqüentes de danças, teatros e coisas que tais por ocasião da proximidade de 
uma profusão de "datas comemorativas", atenderem às necessidades de preparação de alunos participantes em "projetos" desenvolvidos por professores, etc. Não! Não que eu seja contrário a isso. O que eu questiono é o seguinte: tanta ausência da sala de aula não estaria prejudicando o objetivo maior que é o aprendizado do domínio da leitura, escrita, iniciação aos conhecimentos da matemática, história, geografia, etc, pelos quais os alunos serão fatalmente avaliados e, se não se sairem bem nessas disciplinas, serão reprovados?
Posso, é claro, estar equivocado. Outras seriam as questões que, para confirmá-las, seria preciso um trabalho de pesquisa e avaliação das condições de ensino em cada estabelecimento, feito com a maior seriedade, profissionalismo, e fidelidade possível.
Mas, eu insisto. Não se estaria priorizando a quantidade de coisas nas quais os alunos estão sendo envolvidos no dia-a-dia escolar, no mesmo tempo de pernanência no ambiente escolar? Se isso de fato está ocorrendo, então seria algo emergencial fazer com que o aluno esteja
 em tempo integral na escola, bem cuidados e alimentados, e então poderia ser explorada de outra maneira, qualitativa, as potencialidades existentes nas nossas crianças.
O fato de que algo sério está acontecendo nas primeiras séries, é por eu ouvir professores que recebem alunos que atravessam o portal do Ensino Fundamental, e que com eles trabalham na 5ª série, dizerem com todas as letras de que, para essas crianças terem algum rendimento nesse
novo ambiente, precisam ser realfabetizadas e terem aulas dos rudimentos de matemática. Isso é real. Então, algo sério, de fato, deve estar acontecendo.
Mas, o que fazer? Fico preocupado em levantar essas questões, pois que talvez eu não tenha sugestões concretas e realizáveis para melhorar esse perfil do nosso ensino básico.
Apenas, outra coisa me preocupa. Cada vez mais, crianças, adolescentes e jovens estão sendo engolfados pelas tecnologias da comunicação e da aquisição de conhecimento, na atualidade.
Seria como eles estarem numa rota, embarcados em aeronaves supersônicas, enquanto a nossa escola pública segue a mesma rota, embarcada num antigo teco-teco, com a fuselagem ainda de lona. Isso, quando não embarcadas num carro puxado por sonolenta junta de bois.
Se observarmos bem, e pensarmos, em muita coisa que nos chega pelo canais de notícias, talvez possamos deduzir de que eu não esteja tão equivocado assim.
Cifra: 20%, sendo verdadeira ou não, é preocupante, e nos envergonha, a nós que pretendemos
ter orgulho de ver o Brasil finalmente constar entre os países desenvolvividos.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Linguagem: luz x trevas

 

Confesso! Na minha opinião, as novelas da Globo são produtos de boa qualidade, tipo exportação, e que recebemos em primeira mão. É claro que, entremeados aos capítulos, e não nos intervalos comerciais, há propaganda, há campanhas de alcance social, há o envolvimento da Globo em alguma cruzada da qual ache importante participar e divulgar, entre outras coisas. Tudo isso é bastante claro ao público atento.
Isso não diminui a qualidade do seu produto. Afinal, é o perfil da Globo, e ela também precisa faturar com propaganda para custear tudo o que faz, e é compromissada com a construção da nossa sociedade. Faz o seu papel.
Acontece que, no desenrolar das tramas das novelas, surgem personagens que são verdadeiras obras esculturais, algo semelhante às obras dos grandes mestres do passado, que eternizaram "vida" e dramaticidade extraídos do frio mármore. Desaparecem os atores, e surgem personagens marcantes, mágicos, verdadeiras vidas embutidas nos capítulos das novelas. Cada núcleo de personagens, eles próprios já dariam uma novela. Isso é profissionalismo artístico levado até às últimas conseqüências, e que envolve: sensibilidade, generosidade ao doar-se, competência, enfim, profissionalismo dos melhores que há.
Mas o que tem tudo isso a ver com o título acima? Lá, eu me propus a falar da linguagem, e da linguagem que é transmitida sob quaisquer signos lingüísticos.
Falemos, pois, da linguagem falada e/ou escrita. Pois que há outras até mais persuasivas.
O lado da LINGUAGEM LUZ, é aquela que nos traz obras magistrais da poesia, da literatura de forma geral. Nesse lado da Linguagem há inumeráveis obras esculturais.
Há uma profusão de espíritos sensíveis, e eu me considero um deles, que vivem momentos indescritíveis diante de uma poesia ou de uma prosa, construídas, esculpidas com um arranjo tal de palavras que se tornam obras eternas, e nos emociona, nos enleva, nos eleva. Quanto mais sensibilidade houver na alma que lê uma dessas peças, mais ricas e positivas serão as emoções. Eu sou um apaixonado por esse tipo de linguagem. Chego a quase ir até às últimas conseqüências da emoção, diante de uma sábia, artística, iluminada manifestação lingüística, seja escrita ou falada.
A arte de falar, explora com enorme eficácia, o poder imenso que as palavras têm. Nós, a humanidade, fomos construída, para o bem ou para o mal, tal qual o somos, pela estreita ligação, íntima ligação que há, entre: linguagem e trabalho. Essa dupla nos hominizaram. E cada qual tem um imenso poder. Se usados pelo lado da LUZ, produzem um mundo reluzente, maravilhoso, digno da nossa condição de fato humana.
A palavra! Que imenso poder persuasivo, argumentativo, tem. E, infelizmente, ela serve, com a mesma eficiência, e talvez maior eficácia, ao lado das trevas. Pois que, se usada por uma mente que sabe produzir eficazmente persuasão e argumentos, explora as fraquezas humanas respaldadas na inocência, na ignorância, na ambição, nos desejos, nos sonhos, entre outras características de cada ser, de cada indivíduo.
Nossa mente, alma, espírito, ou entidade que habita cada um de nós, é construída a partir, e com uso da linguagem, e as relações com a ecologia de cada um. Na minha postagem de alguns dias atrás, sob o título “Apenas uma reflexão”, creio que abordo um pouco esse assunto.
Muito bem! O que me motivou a escrever isto aqui? A novela da Globo “Belíssima”, a partir da personagem Taís. Uma doçura humana, com as formas de uma bela mulher. Mulher que teve e tem sonhos, tem ambições saudáveis, tem gana de viver e ser feliz, numa comovente representação do que acontece no dia-a-dia de tantas garotas reais que existem por aí. Não sei, não acompanhei, se isso foi explorado em algum capitulo passado, como foi o seu envolvimento pelo engodo armado por aquela quadrilha/matilha de aliciadores de inocentes e crédulas vítimas. A palavra usada pelo lado das trevas, também pode criar argumentos persuasivos, num arremedo do balir de ovelha saída da boca de um lobo indigno e traiçoeiro e, num átimo, a armadilha se fecha, e a pobre vítima se vê aguilhoada num regime de escravidão aviltante. Claro: indefesa, fragilizada, reclusa num país distante, sem passaporte e documentos, torna-se escrava de uma matilha de lobos.
Posto isto aqui, com angústia. Pois, indago! Quantas Taíses estarão escravizadas por esse mundão dos homens? E não falo só das nossas brasileiras, pegas por essas armadilhas, mas de todas aquelas que, cada qual por sua razão, sonhos e conseqüências, estão por aí aguilhoadas a uma vida abjeta, nunca desejada, transformada de um sonho em pesadelo.
Honestamente! Torço pela total redenção da Taís no desenrolar da novela. Se não ao lado do Tarciso, que agora a rejeita, ao lado de alguém que a veja apenas como presente e futuro, e lhe dê a tão merecida dignidade de viver e constituir uma família, e ser feliz.
À Globo, minha homenagem por abordar de forma tão magnífica e dramática essa questão tão desumana. E por colocar ao lado da Taís, pessoas (personagens) que lhe são solidárias e que a todo custo querem resgatá-la à dignidade.
Às muitas garotas que sonham, foi dado o recado. Elevo meu pensamento para o lado da LUZ advinda de Deus, que lhes ilumine, e as proteja, num momento decisivo, como foram decisivas as seqüências gravadas no aeroporto, que livrou mais uma inocente de uma tal armadilha.
Meus aplausos!


Uma professora!



Tenho uma profunda admiração pelo trabalho de uma professora que, na minha opinião, é incomum.
Começou como alfabetizadora em 1984. Se bem que, ainda muito jovem, talvez adolescente, alfabetizava crianças do seu bairro, pobre, em Belém, Pará, como voluntária.
Em 1988, concluiu sua graduação: Licenciatura em Letras-Português. E continuou o seu trabalho como alfabetizadora, desenvolvendo um plano de ensino que acho maravilhoso. Pena que nunca se preocupou em publicá-lo.
Em 1992, concluiu um curso de Pós-Graduação em Educação Especial - Deficiência Mental.
A partir daí, na vizinha cidade de Marechal Cândido Rondon, que fica a dez quilômetros daqui, passou a trabalhar, todas as manhãs, somente com crianças que têm sérios distúrbios de aprendizagem e, portanto, comportamentais. Desde então, participa do máximo de eventos, cursos, que têm como escopo a Educação Especial, que tem como missão preparar essas crianças/adolescentes para o Programa de Inclusão dos mesmos no ensino regular.
Não é meu objetivo aqui, relatar cada caso de sucesso resultante do seu trabalho, o qual faz com paixão, e o espaço extenso demais.
Apenas para que saibam como é o seu comportamento, responsabilidade, sensibilidade e comprometimento com esse seu trabalho, relato o seguinte. Após anos de trabalho só com alunos com Deficiência Mental, que exige uma postura firme e eficaz nas atitudes diárias, este ano recebeu na sua turma uma aluninha surda/muda, com problemas de aprendizado, de comunicação e comportamento.
A professora, achando-se despreparada para trabalhar com esse perfil de criança, mais do que depressa se inscreveu num curso de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, ao qual comparece semanalmente em Toledo, cidade distante 40 km daqui. Bem. Somente com esse pouco tempo de aprendizado dessa nova forma de se comunicar, conseguiu abrir portas e janelas de comunicação com essa sua nova aluna. Tanto o fez, que todos reconhecem a incrível mudança que ocorreu com essa criança, tanto do ponto de vista da comunicação, do comportamento, e no aprendizado. Resultados idênticos, é claro, tem sido uma constante entre os seus alunos que apresentem um mínimo de chance de inclusão nas turmas normais.
Essa professora, tem a seu desfavor uma coisa. Uma verdadeira bronca com equipamentos/ferramentas tecnológicas. Para ela, o celular perfeito, um controle remoto perfeito, um teclado de computador perfeito, etc, deveria ter apenas um botão que lhe satisfizesse/advinhasse todos os seus desejos no momento de usá-los. Sei que não é a única neste mundão de Deus. Mesmo assim, ela usa celular, briga com os controles remotos (mesmo que descontrole tudo), troca E-mails com seu círculo de relações com parentes e amigos, dialoga pelo Orkut com o seu círculo de amigos e,
apesar de tudo, se sai bem. Ninguém, pudera, é perfeito, não é?
Com essa professora, eu tenho a felicidade de estar casado desde 1978. Temos, juntos, 4 filhos, sendo duas moçonas, e dois rapazes. As duas já são graduadas. Os dois rapazes ainda estão na faculdade. Todos solteiros.
Muito bem! Sendo um admirador do seu trabalho, eu a estimulei a criar um blog no qual pudesse relatar, registrar algumas das suas muitas experiências diárias como professora dessa especialização. Cheguei mesmo a preparar o "ambiente". O título do seu blog é
"O assunto é inclusão". Mas só ficou nisso. Mas ele, como berço de uma nova maneira de se comunicar e trocar experiências, idéias, está lá, pronto para receber qualquer recém nascido que ali ela o queira postar. Motivo por não fazê-lo? Sua briga com a tecnologia, talvez. Mas, ainda confio de que ali veremos belas postagens resultantes do seu trabalho. De vez em quando eu a lembro da existência desse "berço" vazio.
Se vocês a quizerem conhecer, cliquem no meu perfil, depois em Quatro Pontes. Ela estará lá, tendo nas mãos uma cuia com "tacacá", uma comida típica do Pará, que ela adora. A sua foto foi tirada na sua ida à terra natal nas férias passadas.
Sabe o que eu estou tentado a fazer? Uma postagem qualquer, para que as pessoas interessadas e comprometidas com o mesmo assunto façam postagens/comentários, incentivando-a a enriquecer aquele espaço com a sua experiência.
Será que vai funcionar?
De qualquer forma, aqui está o registro da minha admiração pela Lucidalva, minha esposa, e pelo seu maravilhoso trabalho!
Opa! Ia me esquecendo! A partir deste ano, concursada pelo Estado do Paraná, ela assumiu a Classe de Reforço do Colégio da nossa cidade. Agora, na parte da tarde, atende aos alunos da 5ª à 8ª série, que nunca tiveram alguém como ela para lhes dar apoio, estímulos, e mostrar novos caminhos para vencerem suas dificuldades.
Tenho orgulho em compartilhar a minha vida com a dela!

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Um reconhecimento!


Esta postagem é destinada àquelas pessoas especiais que, às vezes, no incerto ir e vir da vida a gente encontra, e com elas se encanta.
Falo daquelas pessoas que trazem uma perpétua luz nas faces, luz essa emanada do sorriso que nunca se apaga.
Falo daquelas pessoas que trazem a música na alma, e irradia alegria onde chegam.
Daquelas pessoas que são um arquivo inexplicável, e quase infinito, de piadas e anedotas, que nos fazem até doer o corpo de tanto nos fazer rir, e tanto bem nos faz.
Falo das pessoas, silenciosas
que, em algum momento angustiante das nossas vidas, se aproximam de mansinho, e apenas
apoiam suas mãos em nossos ombros, e criam o milagre do conforto, mesmo que nada se diga.
Daquelas que, não importa a quem, ofertam, generosamente, a compaixão.
Das soliádarias fáceis, como que esquecidas de si mesmas, diante de um outro qualquer.
Das corajosas, ou malucas que, diante de um algo desconhecido qualquer, se fazem de pioneiras,
e mostram que o horizonte, para a humanidade, fica sempre muito além daquilo que se pode ver ou imaginar.
Falo das pessoas, especiais, anônimas, que mesmo sem o sabermos, marcam um encontro com o
Criador de todas as coisas, e a ele dirigem suas preces a nosso favor, mesmo que esqueçamos de
fazê-lo por nós mesmos.
Falo de todas as pessoas que, cada qual a seu modo, mostram que é, sim, possível criar um mundo maravilhoso que às vezes está tão próximo de nós, e que não o percebemos.
Muito obrigado, a cada uma dessas pessoas que, às vezes, nem se acham tão especiais assim.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Anorexia mental!

 Num desses andares depreocupado por essa imensa praça virtual, cibernética, deparei-me com um blog, cujas postagens aconteceram na Espanha. Uma das postagens trazia números comparativos no número de pessoas que visitaram uma biblioteca, em mesmo período do ano de 2004 e de 2005. Passa de 5000 o número, para menos, dos visitantes à biblioteca.
Perdoam-me: as famílias, ou mesmo pessoas que padecem, fisicamente, os malefícios que a anorexia traz às pessoas. Não raro, nos deparamos com fotografias de pessoas que padecem desse terrível mal. Nos casos mais graves, o que se vê são esqueletos cobertos por pele sem vida.
Renovo o pedido de perdão, pois que isso não acontece sem sofrimento.
Mas, tomei a liberdade de fazer esse comparativo.
Sempre acreditei que a nossa mente, essa entidade que nos habita é constituída, evolui, cresce, e muito, a partir de uma rica e variada dieta de boas leituras.
Sou professor, e tenho dito a meus alunos, que tenho visto, sim, espíritos pobres, mal alimentados pelo não uso de uma dieta rica e balanceada de boas leituras. E que nunca vi alguém que seja obeso, quando se farta em cardápios dos mais ricos que há, em todos os sentidos, produzidos ao longo dos tempos pelo homem, e contidos nos bons livros.
A leitura do que dizia o blog, fez-me pensar muito no nosso traço cultural. Nosso, aqui do Brasil, é claro. Pois, é mais do que sabido, que não está em nosso cardápio diário, para a maioria das pessoas, um quezinho sequer de leitura. E, então, haja anorexia mental.
Não é à-toa que, em uma não pouco recente divulgação de uns dados estatísticos, dizia que, neste nosso Estado, no Paraná, pouco mais de 4% dos alunos concluíntes do Ensino Médio, estão capacitados a produzirem textos significativos e tenham algum valor como tal.
Quem pouco, ou nada se alimenta, que aspecto físico apresentará?
O mesmo acontece com quem não cuida do seu cardápio diário de leituras.
Uma pena, uma catástrofe, para ser mais enfático, é o que acontece com os nossos estudantes.
Num estudo, numa pesquisa, seja pelos meios modernos oferecidos pela internet, ou mesmo nas pobrezas de oferta de livros das bibliotecas, o que mais se vê é a pura e simples prática do decalque. Isto é: Pesquisa na internet, encontrado o assunto, mais ou menos, é só dar os comandos Ctrl + C e Ctrl + V, e pronto, está feita a pesquisa, só juntar as folhas e entregar ao professor. Que este não faça nenhuma pergunta. A resposta, às vezes, é: - Sei lá!. Quando o estudo/pesquisa é feito em biblioteca, é o mesmo procedimento: decalque. Nisto, pelo fato de fazerem cópia manuscrita, pode ser que fique algum "resíduo" na mente do aluno. Até pode ser.
Daí a pobreza, para não mencionar miséria, na hora de se produzir textos.
Para um bom resultado na culinária, há que se contar com todos e bons ingredientes, e o amor, dedicação, e entusiamo no prepraro do prato. O mesmo acontece na hora de se produzir textos: Falta pura e simples de ingredientes nas cacholas, e tudo o mais. Resultado? Anorexia mental!

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Lírios

 

Olhai nos campos!
Banidos, famintos,
Andrajos errantes.
Distante olhar!

Olhai nos lírios!
O brilho do branco,
Embaça os passantes.
Do fim, limiar!

Distante olhar!
A alma, ferida.
Só fome. Vagar.

Do fim limiar!
À vida vencida,
Só resta, Murchar.


quinta-feira, 4 de maio de 2006

Tessitura sobre tela



Fayga I (2003)




Uma releitura, e uma homenagem: a Faiga Ostrower.
Por ter acreditado no espírito humano, sempre aberto ao exercício da Arte.
Sobre essa harmonia de traços, num espaço bidimensional que aceita o infinito das formas,
apliquei barbante, e um pouco de cores.
Os responsáveis por esses traços?
Operários que ainda não haviam provado o delicioso sabor que provêm de um Atelier, mesmo que improvisado!
Obrigado, Mestra! Posted by Picasa

quarta-feira, 3 de maio de 2006

(Que fique sem título...)

 Aqui estou! Veja-me como alguém que anda por aí, despreocupado, com as mãos nos bolsos das calças (Está certo o plural? Só estou vestindo uma calça!), com a aparência de quem não tem mais nada a fazer do que dar um giro por esta imensa praça virtual, cibernética, internética, e ....
Tenho o que fazer, sim. Hoje, praticamente o dia inteiro e até agora, estou às voltas com trechos dissertativos dos meus compromissos com o meu Mestrado. Chegou um momento em que as idéias pararam de fluir e, então, dou esta paradinha e saio por aí. E as idéias continuam a não fluirem como deviam, pois o que está resultando desse giro internáutico é o que você está lendo, se é que está tendo paciência para ler.
Considere... isso é apenas um momento de alguém que está querendo apenas dar um giro, e esquecer do que ainda resta dessa tal dissertação. Nesta praça, de tamanho global, a gente nunca sabe o que ou quem vai encontrar. Então, me ponho à vontade para continuar meu giro, distribuindo abobrinhas. Há quem as aceite.
Que esta seja  a minha postagem de hoje, se bem que ninguém merece isso, não é? Eu que
fique com as minhas abobrinhas, ora, diria você.
O que você tem a ver com isso, não é?
Importa... mas não importa.
Às vezes, quando não estou dedilhando coisas ao teclado, num deste giros, dou uma "fuçada"
em alguns blogs. Dependendo da intuição eu entro, como se entra num estande de uma exposição. É para
se visitar, não é? Então eu entro. Olho, leio, observo, leio... se vale a pena comento algo como se assinasse um livro de visitas, e vou em frente.
Gente do céu! Que coisa! Pois, saiba que até já aconteceu de eu acabar me sentindo como alguém que está espiando pela porta de uma sala de partos de uma maternidade, e quase assisto ao parto de um novo blog. Sim! Novinho em folha! E que sorte a minha! Nas duas vezes que isso me aconteceu, me deu vontade de fazer aquelas coisas que a gente faz com um bebê. Pegar nas bochechinhas do recém nascido e dizer: - Coisinha fofa, linda!
É verdade! Pois nas duas vezes que isso aconteceu, se o resto, quer dizer, quando o blog crescer mais e continuar fofinho assim, vai ser uma beleza! Pois, pelo menos, foram bem  começados.
Muito diferentes deste meu. Ninguém até agora sequer parece que chegou perto do berço de onde começou a crescer este blog. Ninguém assinou o livro de visitas! Não tem problema. Tem criança que nasce fofa, e depois...
bem... deixemos isso prá lá.
Essas coisas que estou dizendo é ressaca do que eu vinha fazendo o dia todo e até parte da noite.
Se minha dissertação tivesse um unzinho do que saiu aqui até agora, adeus Pós-Graduação.
Doutor algum iria querer sequer chegar perto dela.
Como eu, disse, compreendam... estou apenas dando um giro, e aproveitando para distribuir algumas dessas abobrinhas que não sei de onde vieram.
O que? Da minha cabeça? Tem certeza?
Que bom! Ufa! Ainda bem que ela está produzindo alguma coisa, ainda.
Éh! Talvez eu não tenha mesmo outra coisa que fazer.
Então... para que não fique a impressão de que eu fui um irresponsável gastador do tempo meu, e de quem tiver paciência para ler isto, vou clicar em "Publicar postagem". E chega.
Amanhã é outro dia.
 

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Remechendo em cinzas... Fênix?

 Se você tiver paciência, vá, creio, ler a minha primeira postagem de abril. Título?: Março...bem...
Ela bem que poderia ficar lá, quietinha.
Mas, vamos ver o que aquelas cinzas nos dizem hoje.
Postei aquilo porque março foi um mês "daqueles", se você entender a extensão do que umas aspas provocam quando elas cercam determinadas palavras. Naqueles tempos, março, havia um cheiro quase insuportável do tal lodo do fundo do poço. Claro, eu atravessava momentos daqueles que se tornam inesquecíveis, mas que a gente gostaria de esquecê-los. Desconfio dessa nossa mente, ou do que fazemos com ela. Eu disse que aquela postagem, se não excluída, poderia ficar quietinha lá no seu lugar. Eu disse.
Acontece que, às vezes, eu sou provocador. Aprendi, quando era pequeno, e morava numa cidade do interior de São Paulo, e na minha casa tinha um fogão à lenha, que as cinzas, mesmo cinzas, guardam um certo calor capaz de assar batatas.
Espera aí? O que é tem as batatas assadas com o que eu quero dizer agora?
Bem, lá, na postagem da qual já falei, e não nas cinzas, chegou um momento em que, aliviado, eu disse: abril... abriu.
E de fato. Depois de março, veio abril, e o abril abriu e se fechou... Estamos em maio.
Poxa! gente. Abril foi bem diferente de março, foi muito melhor, em muitos ou em quase todos os sentidos. Coisas minhas, que não quero escancarar demais aqui. Entendam!
Maio! Começa bem. Começa com um feriado, e inaugurado pelo Lula que fez um discurso de oito minutos pela televisão. Bom sujeito! Ele nos chama de companheiros e companheiras, bem diferente do Sarney com seu antigo "brasileiros e brasileiras". De novo? O que tem a ver isso com o que eu quero dizer? Pura ditração, ou não ter outra coisa a fazer, o que é mentira, pois tenho.
Maio! o que fazer com ele, tão novinho como está? Ficaria muito "chulo", muito impróprio se eu dissesse que o melhor que a gente pode fazer é sair "maiando" por aí? Isso mesmo! Maiar o melhor que a gente puder. Daí, quando chegar no final dele, se a gente maiar bem, pode até marcar um encontro especial com os amigos e brindar 
mais um maio que passou por nossas vidas.
Ah! Pessoal da metade do Brasil aqui para baixo, do sul. Estamos em pleno outono. Se a gente observar, veremos que muitas espécies de árvores perdem todas as folhas, e se fazem de mortinhas. Ficam na delas. Completado o outono, e passado o inverno (às vezes frio prá burro,
e prá  nós também) elas, as árvores que pareciam mortinhas, começam a mostrar novas folhas e,
de repente, estão aquele explendor de verde. Eu só disse isso para você se lembrar disso quando  estiver passando por um "outono" ou mesmo "inverno" da vida, como eu passei em março. Folhas novas virão, com certeza. Acredite!!!
Só isso!!!

Paz!

 Perdoam-me pelo título, pois que não vou falar de paz.
Muito menos ficar indiferente ao inferno vivido por São Paulo, ontem, 13 de maio, e ainda hoje. São Paulo, um lugar que tantas alegrias e liberdade me proporcionou, quando morava em Santo André, mas adorava minhas cumplicidades com a próxima São Paulo. Isso, há muito tempo atrás.
Estou aqui, nesta pequena cidade do oeste do Paraná, desde 1980. E o São Paulo, daquela época, me oferecia a liberdade, a tranqüilidade de poder caminhar por suas avenidas e ruas, sem os sustos que os paulistanos vivem agora. Ia-se a qualquer lugar, a qualquer hora do dia ou da noite, sem ter de levar junto a si o pavor da violência animal de hoje. Sou Paulista, e tenho orgulho de ter nascido nesse estado, em condições excepcionais, na cidade de Neves Paulista, próxima a São José do Rio Preto. Explico, o porque da condição excepcional: o médico da cidade onde morávamos, e morávamos numa fazenda, num determinado momento da gravidez da minha mãe, falou a meu pai que, nós dois, não sobreviveríamos ao parto, e meu pai, sabe-se lá porque, resolveu então levar-nos para Neves Paulista. Assim, pois, estaríamos próximos aos nossos parentes, para ali  morrermos, os dois. Isso, em 1944. Minha tão amada mãe, faleceu em 19 de abril de 1992. Eu? Estou aqui, a escrever estas linhas.
Creio que devamos levar no pensamento esse episódio da minha vida, e ligá-lo, de alguma forma,
aos destinos do nosso querido Brasil.
Porque fiz esse desvio de pensamento? Porque amo o Estado no qual nasci. E ontem, 13 de maio, e hoje, ele vive a opressão vergonhosa das rebeliões em vários presídios, e o ataque covarde de bandidos às forças policiais, gente como eu e você, cuja missão profissional é mater a ordem e dar ao cidadão de fato, a libedade de ir e vir em segurança, de estar em sua casa sentindo-se num lugar sagrado e protegido que é o lar, de sair para o entretenimento ou mesmo para atender a alguma urgência ou contingências da vida, e saber que o faz com um mínimo de segurança.
Esses ataques nos atingiu a todos. Não só aos profisionais da segurança pública. Foi uma afronta a cada paulista ou paulistano. A cada um dos brasileiros, e até mesmo aos nossos irmãos extrangeiros que estão visitando o nosso país neste momento. É uma afronta à humanidade.
Eis que uma matilha de homens-lobos, através do matraquear de metralhadoras, estampidos de fuzis e revólveres, explosão e estilhaços de granadas, nos lançam a todos uma afronta sem igual.
E tudo isso - é minha opinião - porque nossos legisladores, por algum motivo ignorando nossa evidente e cruel desigualdade social, nossos sérios problemas sócio-econômico-culturais, não podem fazer decalques de leis e direitos que funcionam em países cuja realidade é bem outra.
E preocupa-me, demasiado, quando os meios de comunicação mostram discursos que me soam utópicos, irreais diante do cenário verdadeiro de violência desmedida,
e no qual se passa a nada virtual violência que atinge e afronta a nossa existência.
Nossa constituição, um emaranhado indissolúvel - me parece - de direitos e deveres, um labirinto que atende perfeitamente aos espertalhões que se escudam na "Lei de Gersom", que é levar vantagem em tudo, se valem de uma profusão, e confusão, de inconstitucionalidades, de escaninhos escusos das nossas leis,  para fazer e aprontar o que bem entendem.
Nosso Poder Judiciário, está à deriva num oceano imenso de processos e, com certeza - sem aqui pretender diminuir seus méritos - vive cercado por ladinos e espertalhões conhecedores das fraquezas da nossa constituição e leis, um bando de vorazes tubarões aproveitadores, predadores da melhor estirpe. E, por isso, há esse sentimento, quase certeza, da impunidade, ou que ela chega, quando chega, a passos de tartaruga.
O Executivo? Quando a nossa sociedade irá se despetar para o fato de que vivemos sob um regime Presidencialista que tem apenas uma ferramenta para agir, que são as Medidas Provisórias, pois que a Presidência é refém do Poder Legislativo? E ainda nos exaltamos quando nos deparamos com tantos "artificiodutos", que só servem para alimentarem negociatas, e explorarem os nossos suados e pesados impostos. Qualquer Presidente que tivermos, continuando essa mesma estrutura política, vai ter, sim, que pagar algo para ter em troca apoio ao seu programa de governo. Nos exasperamos porque temos os olhos fechados para essas questões, que exigem uma revolução no nosso sistema de desGoverno.
A praça dos três poderes, é uma praça de guerra onde só se degladeiam aqueles que defendem interesses escusos, e cercada por uma sucessão de camarotes de onde ululam os lobistas (para não dizer chacais), que querem levar vantagem em tudo, nos interesses minoritários.
Os políticos, parece-me, vêem o Brasil como uma gigantesca fazenda. E cada qual é capataz de um curral, e é apenas com esse curral que se preocupam, 
ainda como era no tempo  dos "coronéis". Cada partido vê apenas o seu próprio umbigo, e os representantes eleitos sob sua sigla, ou agem segundo a diretrizes dos "donos" do partido, o que é normal acontecer, ou apenas pensa, como capataz, apenas no seu próprio curral. O Brasil, esta tão nobre nação, tem o mérito de produzir, e muito, o que facilita o enriquecimento rápido dessa corja de chacais.
E a realidade do nosso país, aparece como pano de fundo no qual fluem os descasos com a educação (os 20% reprovados nas primeiras séries das escolas); com as questões agrárias;
com as questões dos bolsões de miséria que recebem apenas ajudas paliativas; e que bandidos têm mais regalias que o cidadão comum; apenas para não esticar demais o rosário de problemas sociais, culturais e estruturais que temos.
E eu que dei como título a esta postagem: Paz!
Peço, então, caro(a) leitor(a), que veja o título como uma bandeira erguida em favor da PAZ, e que tenhamos a sorte de que novos ventos comecem fazê-la tremular, trazendo-nos, já não sem tempo, os benefícios que o lema escrito na nossa Bandeira Verde/Amarela, herança do positivismo, promete: "Ordem e Progresso".
Esqueçamos o positivismo. O que precisamos, mais que tardiamente, é unir-nos como um povo cidadão, como já o fizemos nos tempos das "Diretas já", ou na reunião nacional dos "Caras pintadas". Necessitamos de uma alta dose de confiança e otimismo, e de que este país precisa, sim, de nós, seus cidadãos, engajados numa luta por reformas profundas nos três poderes que ... Os políticos, esses que cumpram ao pé da letra os anseios da Nação.
É, afinal, para essa finalidade que são por nós eleitos.