segunda-feira, 8 de maio de 2006

Anorexia mental!

 Num desses andares depreocupado por essa imensa praça virtual, cibernética, deparei-me com um blog, cujas postagens aconteceram na Espanha. Uma das postagens trazia números comparativos no número de pessoas que visitaram uma biblioteca, em mesmo período do ano de 2004 e de 2005. Passa de 5000 o número, para menos, dos visitantes à biblioteca.
Perdoam-me: as famílias, ou mesmo pessoas que padecem, fisicamente, os malefícios que a anorexia traz às pessoas. Não raro, nos deparamos com fotografias de pessoas que padecem desse terrível mal. Nos casos mais graves, o que se vê são esqueletos cobertos por pele sem vida.
Renovo o pedido de perdão, pois que isso não acontece sem sofrimento.
Mas, tomei a liberdade de fazer esse comparativo.
Sempre acreditei que a nossa mente, essa entidade que nos habita é constituída, evolui, cresce, e muito, a partir de uma rica e variada dieta de boas leituras.
Sou professor, e tenho dito a meus alunos, que tenho visto, sim, espíritos pobres, mal alimentados pelo não uso de uma dieta rica e balanceada de boas leituras. E que nunca vi alguém que seja obeso, quando se farta em cardápios dos mais ricos que há, em todos os sentidos, produzidos ao longo dos tempos pelo homem, e contidos nos bons livros.
A leitura do que dizia o blog, fez-me pensar muito no nosso traço cultural. Nosso, aqui do Brasil, é claro. Pois, é mais do que sabido, que não está em nosso cardápio diário, para a maioria das pessoas, um quezinho sequer de leitura. E, então, haja anorexia mental.
Não é à-toa que, em uma não pouco recente divulgação de uns dados estatísticos, dizia que, neste nosso Estado, no Paraná, pouco mais de 4% dos alunos concluíntes do Ensino Médio, estão capacitados a produzirem textos significativos e tenham algum valor como tal.
Quem pouco, ou nada se alimenta, que aspecto físico apresentará?
O mesmo acontece com quem não cuida do seu cardápio diário de leituras.
Uma pena, uma catástrofe, para ser mais enfático, é o que acontece com os nossos estudantes.
Num estudo, numa pesquisa, seja pelos meios modernos oferecidos pela internet, ou mesmo nas pobrezas de oferta de livros das bibliotecas, o que mais se vê é a pura e simples prática do decalque. Isto é: Pesquisa na internet, encontrado o assunto, mais ou menos, é só dar os comandos Ctrl + C e Ctrl + V, e pronto, está feita a pesquisa, só juntar as folhas e entregar ao professor. Que este não faça nenhuma pergunta. A resposta, às vezes, é: - Sei lá!. Quando o estudo/pesquisa é feito em biblioteca, é o mesmo procedimento: decalque. Nisto, pelo fato de fazerem cópia manuscrita, pode ser que fique algum "resíduo" na mente do aluno. Até pode ser.
Daí a pobreza, para não mencionar miséria, na hora de se produzir textos.
Para um bom resultado na culinária, há que se contar com todos e bons ingredientes, e o amor, dedicação, e entusiamo no prepraro do prato. O mesmo acontece na hora de se produzir textos: Falta pura e simples de ingredientes nas cacholas, e tudo o mais. Resultado? Anorexia mental!

2 comentários:

Pryzant disse...

Olá Evaristo,
Sou filho de professora e admiro muito a obstinação de todos vcs enfrentando a falta de recursos materiais e alunos desinteressados.
Acho muito enriquecedor que professores, artistas e intelectuais utilizem a Internet para expor seus pensamentos e idéias ajudando a educação e a cultura do nosso país tão capaz mas tão carente.
Abraços,
Luiz Pryzant

Unknown disse...

Bom Dia!
Evaristo,

Curso o 2º ano de pedagogia, gostei muito do seu texto concordo plenamente com as informações contidas no mesmo. Como futura professora acredito que a qualidade das pesquisas feitas pelos alunos fará com que ao menos um pouquinho do conteúdo estudado fique em suas cabeças, já que estamos em um país onde a prática da leitura ainda é tão pobre.

Abraços,

Joyce