segunda-feira, 15 de maio de 2006

Pizza!

Aprecio boas pizzas!
Aqui em casa, quem as prepara, sou eu. Massa caprichada, fina, levemente crocante. O molho, abundante, feito com tomates bem escolhidos e um tempero equilibrado, suculento, que realça o sabor da pizza. A cobertura, ou recheio, é generosa, com uma boa combinação de ingredientes. Minha família diz que é aqui em casa que comem, sempre, a melhor pizza. Bem, é minha família, e há de se esperar que me façam mimos com seus elogios. Os amigos, também se desmancham em elogios. Claro, às vezes os amigos nos querem ver satisfeitos.
Um dia desses, por comodidade, tempo, curiosidade, trouxemos para casa três pizzas. Daquelas que já vêm prontas, das quais se faz propaganda na televisão. Na propaganda, céus, ao se retirar a fatia, o queijo parece uma cascata imensa, indecisa: vou com esta fatia, ou fico no restante da pizza.
Na embalagem, a mesma imagem. Em casa, tiradas da embalagem, as primeiras suspeitas: não serão iguais às da propaganda. Postas no forno a assar e, ao servirmo-nos, nenhum filamento de queijo ficou na dúvida. Cada fatia, era uma fatia, soltinhas umas das outras.
Bem! Quando nós queremos tirar uma foto cheia de formalidades, queremos que cada detalhe seja revisto: a pose; a roupa; o perfil; se de gravata, que o nó não esteja torto; os cabelos alinhados; esses cuidados todos. Pois bem! Para esse tipo de pizza, também são dispensados todos os cuidados com sua aparência, na propaganda. Esse pessoal conhece isso: sabe que, numa pescaria, é normal o peixe ser fisgado pela boca; a nós, pelos olhos. E assim, é.
O melhor mesmo é telefonar para "entrega-se em casa", de algum endereço que conheçamos e sabemos o que nos trarão.
Muito bem! Existe um endereço de onde saem fornadas incontáveis de pizzas. Todas horríveis, de aspecto e sabor repugnantes, que agradam e satifazem apenas a uma minoria. Às vezes, pela televisão, quando sai uma fornada, é fácil ver a massa de comensais aplaudirem, se abraçarem com estusiasmo, e até dançarem na frente das câmeras, num clima invejável de festa.
Provavelmente você já deve ter adivinhado o endereço. Sim, é esse mesmo. Fica mesmo em Brasília, mais precisamente na praça dos três poderes: o Congresso Nacional.
Eu admiro, enquanto arquitetura, aquele conjunto maravilhoso: dois espigões interligados, tendo de um lado um prato (ou coisa parecida) posto na posição de ser servido, e no outro, um prato emborcado.
Não sei, não. Reconheço que é uma obra prima da engenharia arquitetural. Mas, sempre, lá num cantinho da minha mente fica cutucando uma impressão, uma infomação sígnica, deixada pela imagem dos pratos: um na posição de recolher, outro na posição de despejar.
Dá impressão que o pessoal que ocupa aqueles espaços nos dizem assim: - Nós, que estamos aqui, recolhemos - com o prato voltado com a "boca" para o céu - todos os vossos impostos, tributos, taxas, propinas, e tudo o mais que cheire a dinheiro. Num passe de mágica, o outro, emborcado, nos despeja no colo tudo o que cai no outro. E assim parece ser. Basta a gente acompanhar, a cada ano, as vergonhosas disputas e negociatas que há em torno da discussão, ou divisão, do orçamento da União. E, no resto do ano, as negociatas escusas, salpicadas de grossas propinas.
Nas oficinas de produção das pizzas, que são os espaços das comissões, salas de reuniões de lideranças, nos palcos das CPIs, corredores, é de onde saem as receitas e os tamanhos das pizzas, sempre atendendo aos paladares dessa minoria.
A União, significando Brasil, para esse pessoal: bem isso é outra coisa.
Já falei algo do que devemos fazer, numa postagem anterior, sob o título de: Paz!

4 comentários:

Vic disse...

Evaristo! No hablo una palabra de portugués, pero también entiendo lo que escribis, me alegro mucho encontrar tu post en mi blog, que te hayan gustado mis palabras. Mi mail es cordoba@revistaen.com.ar
Sigamos en contacto!!
Buena vida pra voce y perdón por el intento de portuñol!!
Victoria, Argentina.

Azul Maheswari disse...

Hola Evaristo!!! Soy Azul Maheswari.Muchas gracias por tu aportación a mi Blog!!!

Soy de México.

Empiezo a leer tu Blog y me es muy grato econtrar personas que disfruten de las letras.

Saludos

Anônimo disse...

De fato, Evaristo, às vezes as imagens fazem a síntese do que não queremos ou podemos formular, elaborar, etc. Provocam sim, todos os sentidos...

Obrigada pela sua visita tão calorosa.

Com o mesmo abraço, e aqui, recuperando uma memória quase extinta, a palavra cordial. Gostei!

pensamentos simples disse...

Olá!!!

Antes de mais nada, muitíssimo obrigada por seu comentário em meu blog.
Agora, um adendo ao seu texto. Sempre tive a impressão q. o prato para cima era um lavabo (afinal, uma mão lava a outra), e o prato virado para baixo era justamente o q. escondia as maracutaias. Na atual conjuntura, os dois deveriam ser virados para cima, pois ninguém está mais preocupado em esconder qualquer coisa que seja.

Um abraço,

Andrea