quinta-feira, 11 de maio de 2006

Uma professora!



Tenho uma profunda admiração pelo trabalho de uma professora que, na minha opinião, é incomum.
Começou como alfabetizadora em 1984. Se bem que, ainda muito jovem, talvez adolescente, alfabetizava crianças do seu bairro, pobre, em Belém, Pará, como voluntária.
Em 1988, concluiu sua graduação: Licenciatura em Letras-Português. E continuou o seu trabalho como alfabetizadora, desenvolvendo um plano de ensino que acho maravilhoso. Pena que nunca se preocupou em publicá-lo.
Em 1992, concluiu um curso de Pós-Graduação em Educação Especial - Deficiência Mental.
A partir daí, na vizinha cidade de Marechal Cândido Rondon, que fica a dez quilômetros daqui, passou a trabalhar, todas as manhãs, somente com crianças que têm sérios distúrbios de aprendizagem e, portanto, comportamentais. Desde então, participa do máximo de eventos, cursos, que têm como escopo a Educação Especial, que tem como missão preparar essas crianças/adolescentes para o Programa de Inclusão dos mesmos no ensino regular.
Não é meu objetivo aqui, relatar cada caso de sucesso resultante do seu trabalho, o qual faz com paixão, e o espaço extenso demais.
Apenas para que saibam como é o seu comportamento, responsabilidade, sensibilidade e comprometimento com esse seu trabalho, relato o seguinte. Após anos de trabalho só com alunos com Deficiência Mental, que exige uma postura firme e eficaz nas atitudes diárias, este ano recebeu na sua turma uma aluninha surda/muda, com problemas de aprendizado, de comunicação e comportamento.
A professora, achando-se despreparada para trabalhar com esse perfil de criança, mais do que depressa se inscreveu num curso de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, ao qual comparece semanalmente em Toledo, cidade distante 40 km daqui. Bem. Somente com esse pouco tempo de aprendizado dessa nova forma de se comunicar, conseguiu abrir portas e janelas de comunicação com essa sua nova aluna. Tanto o fez, que todos reconhecem a incrível mudança que ocorreu com essa criança, tanto do ponto de vista da comunicação, do comportamento, e no aprendizado. Resultados idênticos, é claro, tem sido uma constante entre os seus alunos que apresentem um mínimo de chance de inclusão nas turmas normais.
Essa professora, tem a seu desfavor uma coisa. Uma verdadeira bronca com equipamentos/ferramentas tecnológicas. Para ela, o celular perfeito, um controle remoto perfeito, um teclado de computador perfeito, etc, deveria ter apenas um botão que lhe satisfizesse/advinhasse todos os seus desejos no momento de usá-los. Sei que não é a única neste mundão de Deus. Mesmo assim, ela usa celular, briga com os controles remotos (mesmo que descontrole tudo), troca E-mails com seu círculo de relações com parentes e amigos, dialoga pelo Orkut com o seu círculo de amigos e,
apesar de tudo, se sai bem. Ninguém, pudera, é perfeito, não é?
Com essa professora, eu tenho a felicidade de estar casado desde 1978. Temos, juntos, 4 filhos, sendo duas moçonas, e dois rapazes. As duas já são graduadas. Os dois rapazes ainda estão na faculdade. Todos solteiros.
Muito bem! Sendo um admirador do seu trabalho, eu a estimulei a criar um blog no qual pudesse relatar, registrar algumas das suas muitas experiências diárias como professora dessa especialização. Cheguei mesmo a preparar o "ambiente". O título do seu blog é
"O assunto é inclusão". Mas só ficou nisso. Mas ele, como berço de uma nova maneira de se comunicar e trocar experiências, idéias, está lá, pronto para receber qualquer recém nascido que ali ela o queira postar. Motivo por não fazê-lo? Sua briga com a tecnologia, talvez. Mas, ainda confio de que ali veremos belas postagens resultantes do seu trabalho. De vez em quando eu a lembro da existência desse "berço" vazio.
Se vocês a quizerem conhecer, cliquem no meu perfil, depois em Quatro Pontes. Ela estará lá, tendo nas mãos uma cuia com "tacacá", uma comida típica do Pará, que ela adora. A sua foto foi tirada na sua ida à terra natal nas férias passadas.
Sabe o que eu estou tentado a fazer? Uma postagem qualquer, para que as pessoas interessadas e comprometidas com o mesmo assunto façam postagens/comentários, incentivando-a a enriquecer aquele espaço com a sua experiência.
Será que vai funcionar?
De qualquer forma, aqui está o registro da minha admiração pela Lucidalva, minha esposa, e pelo seu maravilhoso trabalho!
Opa! Ia me esquecendo! A partir deste ano, concursada pelo Estado do Paraná, ela assumiu a Classe de Reforço do Colégio da nossa cidade. Agora, na parte da tarde, atende aos alunos da 5ª à 8ª série, que nunca tiveram alguém como ela para lhes dar apoio, estímulos, e mostrar novos caminhos para vencerem suas dificuldades.
Tenho orgulho em compartilhar a minha vida com a dela!

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