quinta-feira, 11 de maio de 2006

Linguagem: luz x trevas

 

Confesso! Na minha opinião, as novelas da Globo são produtos de boa qualidade, tipo exportação, e que recebemos em primeira mão. É claro que, entremeados aos capítulos, e não nos intervalos comerciais, há propaganda, há campanhas de alcance social, há o envolvimento da Globo em alguma cruzada da qual ache importante participar e divulgar, entre outras coisas. Tudo isso é bastante claro ao público atento.
Isso não diminui a qualidade do seu produto. Afinal, é o perfil da Globo, e ela também precisa faturar com propaganda para custear tudo o que faz, e é compromissada com a construção da nossa sociedade. Faz o seu papel.
Acontece que, no desenrolar das tramas das novelas, surgem personagens que são verdadeiras obras esculturais, algo semelhante às obras dos grandes mestres do passado, que eternizaram "vida" e dramaticidade extraídos do frio mármore. Desaparecem os atores, e surgem personagens marcantes, mágicos, verdadeiras vidas embutidas nos capítulos das novelas. Cada núcleo de personagens, eles próprios já dariam uma novela. Isso é profissionalismo artístico levado até às últimas conseqüências, e que envolve: sensibilidade, generosidade ao doar-se, competência, enfim, profissionalismo dos melhores que há.
Mas o que tem tudo isso a ver com o título acima? Lá, eu me propus a falar da linguagem, e da linguagem que é transmitida sob quaisquer signos lingüísticos.
Falemos, pois, da linguagem falada e/ou escrita. Pois que há outras até mais persuasivas.
O lado da LINGUAGEM LUZ, é aquela que nos traz obras magistrais da poesia, da literatura de forma geral. Nesse lado da Linguagem há inumeráveis obras esculturais.
Há uma profusão de espíritos sensíveis, e eu me considero um deles, que vivem momentos indescritíveis diante de uma poesia ou de uma prosa, construídas, esculpidas com um arranjo tal de palavras que se tornam obras eternas, e nos emociona, nos enleva, nos eleva. Quanto mais sensibilidade houver na alma que lê uma dessas peças, mais ricas e positivas serão as emoções. Eu sou um apaixonado por esse tipo de linguagem. Chego a quase ir até às últimas conseqüências da emoção, diante de uma sábia, artística, iluminada manifestação lingüística, seja escrita ou falada.
A arte de falar, explora com enorme eficácia, o poder imenso que as palavras têm. Nós, a humanidade, fomos construída, para o bem ou para o mal, tal qual o somos, pela estreita ligação, íntima ligação que há, entre: linguagem e trabalho. Essa dupla nos hominizaram. E cada qual tem um imenso poder. Se usados pelo lado da LUZ, produzem um mundo reluzente, maravilhoso, digno da nossa condição de fato humana.
A palavra! Que imenso poder persuasivo, argumentativo, tem. E, infelizmente, ela serve, com a mesma eficiência, e talvez maior eficácia, ao lado das trevas. Pois que, se usada por uma mente que sabe produzir eficazmente persuasão e argumentos, explora as fraquezas humanas respaldadas na inocência, na ignorância, na ambição, nos desejos, nos sonhos, entre outras características de cada ser, de cada indivíduo.
Nossa mente, alma, espírito, ou entidade que habita cada um de nós, é construída a partir, e com uso da linguagem, e as relações com a ecologia de cada um. Na minha postagem de alguns dias atrás, sob o título “Apenas uma reflexão”, creio que abordo um pouco esse assunto.
Muito bem! O que me motivou a escrever isto aqui? A novela da Globo “Belíssima”, a partir da personagem Taís. Uma doçura humana, com as formas de uma bela mulher. Mulher que teve e tem sonhos, tem ambições saudáveis, tem gana de viver e ser feliz, numa comovente representação do que acontece no dia-a-dia de tantas garotas reais que existem por aí. Não sei, não acompanhei, se isso foi explorado em algum capitulo passado, como foi o seu envolvimento pelo engodo armado por aquela quadrilha/matilha de aliciadores de inocentes e crédulas vítimas. A palavra usada pelo lado das trevas, também pode criar argumentos persuasivos, num arremedo do balir de ovelha saída da boca de um lobo indigno e traiçoeiro e, num átimo, a armadilha se fecha, e a pobre vítima se vê aguilhoada num regime de escravidão aviltante. Claro: indefesa, fragilizada, reclusa num país distante, sem passaporte e documentos, torna-se escrava de uma matilha de lobos.
Posto isto aqui, com angústia. Pois, indago! Quantas Taíses estarão escravizadas por esse mundão dos homens? E não falo só das nossas brasileiras, pegas por essas armadilhas, mas de todas aquelas que, cada qual por sua razão, sonhos e conseqüências, estão por aí aguilhoadas a uma vida abjeta, nunca desejada, transformada de um sonho em pesadelo.
Honestamente! Torço pela total redenção da Taís no desenrolar da novela. Se não ao lado do Tarciso, que agora a rejeita, ao lado de alguém que a veja apenas como presente e futuro, e lhe dê a tão merecida dignidade de viver e constituir uma família, e ser feliz.
À Globo, minha homenagem por abordar de forma tão magnífica e dramática essa questão tão desumana. E por colocar ao lado da Taís, pessoas (personagens) que lhe são solidárias e que a todo custo querem resgatá-la à dignidade.
Às muitas garotas que sonham, foi dado o recado. Elevo meu pensamento para o lado da LUZ advinda de Deus, que lhes ilumine, e as proteja, num momento decisivo, como foram decisivas as seqüências gravadas no aeroporto, que livrou mais uma inocente de uma tal armadilha.
Meus aplausos!


2 comentários:

AMY disse...

Evaristo, Gracias por tu visita a mi blog. Perdona que no escriba en tu lengua, pero no se hablar portugués. Trataré de leer tus post y luego te dejo un comentario a ellos.

Amy

Sergio Barroso disse...

Evaristo,
Obrigado pela visita. Cá um espero, um destes dias, em Portugal.
Abraço