segunda-feira, 10 de julho de 2006

Apresentando um amigo

(parte 1)


Antes de falar do figura canina que aparece aí ao lado, preciso falar de outros dois cães.
Campeão! Esse é o nome do primeiro.
Esteve com a família do meu pai, muitos anos antes de eu ter nascido, e morreu de velho. Sua história foi contada por décadas no seio familiar. Era, ou viria a ser da raça Fila Brasileiro, enorme quando adulto, mas bom de coração canino. A pelagem, pelas descrições e comparações que eu ouvi, seria um pardo claro, algumas manchas alongadas e escuras por todo o corpo, uma faixa branca no peito, e que se estreitava ao se aproximar do maxilar inferior.
Talvez por perceber que meu avô era o chefe da “matilha” humana à qual pertencia, foi com ele que o Campeão desenvolveu maiores intimidades, e companheirismo.
Quando já crescido, e na primeira vez que meu avô permitiu que o cão o acompanhasse nas suas idas à cidade, o que sempre fazia montado no seu cavalo predileto, Campeão causou boa impressão pela sua índole fiel. No trajeto, postou-se ao lado do cavalo, e o acompanhou na mesma velocidade, sem se desviar para nada. Contou meu avô que, de propósito, alterava a velocidade do cavalo, chegando mesmo a correr ou ir a passos lentos. Campeão logo se adaptava à velocidade da montaria na qual ia o seu "líder". Volta e meia olhava para cima, para meu avô, como a dizer: - Estou aqui companheiro.
Chegando à cidade, meu avô prendeu as rédeas à sela e, a corda que trazia para a finalidade de amarrar o animal, prendeu-a ao pescoço do cavalo. Intuitivamente, contou ele depois, enrolou a outra ponta no chão e ordenou ao cão que sobre ela se deitasse, o que prontamente fez.
Indo primeiro à barbearia, enquanto aguardava sua vez, postou-se num lugar de onde pudesse ver os dois animais. Impressionou-o a passividade do cão. Depois, fez as demais coisas que havia planejado.
Horas passadas, ao retornar para onde estavam os animais, percebeu que Campeão não arredara pé dali, o que foi notado por algumas pessoas, somente mudando posições devido ao cansaço e, talvez, motivadas pelo tédio da espera. Foi motivo de orgulho para o chefe do clã Ferreira, português de boa gema como dizia de si mesmo.
Montou e tomou o caminho para casa. A poucas centenas de metros da cidade, antes de atravessar um córrego a vau, como era usual antigamente, parou para o cavalo beber água. Campeão saciou uma sede que deveria tê-lo atormentado demasiado. Nova boa impressão e mais ganho de simpatia do novo amigo.
A partir daí, meu avô sempre levava consigo o fiel companheiro. Em reconhecimento à fidelidade, procurava um lugar onde o cão pudesse estar sempre à sombra; dispunha água ao seu alcance, e ficava despreocupado. Assim Campeão foi adquirindo admiração e respeito, em toda a região, e também na cidade.
Com essa índole, Campeão foi construindo sua história.
Era o cão da família Ferreira. Posted by Picasa

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi. Surpresa, li sei comentário. Jamais imaginaria que alguém me encontrasse. Mais do que isso, que deixasse uma mensagem. Mas gostei. Gostei e entrei no seu blog. Mas confesso que não li nenhuma postagem.

Quem, eu? Não gosto de ler? Mentira da grossa... Estou é um pouco cansada. Nas últimas semanas, e porque sou jurada de um concurso, perdi a conta de quantos livros passaram pelas minhas mãos e olhos. Quer uma sugestão? Meninos no poder, de Domingos Pellegrini. Seu conterrâneo, não?