domingo, 23 de julho de 2006

A despedida





Normalista,
estudante,
Hortênsia parte
para cidade distante.

Meus passos, adolescentes e apressados,
levam meus olhos que a querem ver
uma vez mais.
Meu coração, acelerado, arde, consumido
pelo prenúncio da sua longa ausência.

No caminho, a moeda
por alguém perdida,
e por mim encontrada,
dá-me a esperança do assomo da sorte.
A recolho e,
rodopiante, lanço-a ao alto
e a recolho entre as mãos:
cara, verei a ti, Hortênsia,
uma vez mais,
antes que partas.

Abro as mãos, lentamente: coroa!
Desconfio da sorte e apresso os passos.

Por breve momento ainda
vejo Hortênsia,
que me vê, que sorri, que acena e,
pelo vento, envia-me um beijo que acolho,
com as mãos, junto ao peito.

A moeda, Hortênsia,
passadas décadas de desencontros,
ainda a tenho.

Não sei, hoje, o seu valor numismático.
apenas sei que, entre a cara e a coroa,
ela traz mil vezes mil,
as doces lembranças que tenho de ti,
toda vez que a recolho entre as mãos.

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