domingo, 28 de outubro de 2007

Tessitura poética

Sursis


É negra lápide,
do mais duro granito,
o elo com o infinito.

Morte,
portal do inferno,
ou senda para o gozo eterno.

A nulidade carnal que volta ao pó.

Antes,
o enigma da existência em sursis,
e escravidão abjeta às paixões vis.

Negra a távola,
mesa exposta
ao banquete e sanha
dos vermes,
que na carne apostam
saciar a fome tamanha.

Nulidade que volta ao pó.

Sobre o que resta,
suspensa está
a mão que segura
a balança.
Cerra-se a fresta.

E fecha-se o pano
de toda uma existência,
na cósmica
incógnita falência.

Nulidade ao pó.



Um comentário:

Alice Matos disse...

"Nulidade que volta ao pó.

Sobre o que resta,
suspensa está
a mão que segura
a balança.
Cerra-se a fresta."...

Que forte o teu poema, amigo...
forte e cheio de sentido... tão cru quanto as verdades que encerra...

Beijo grande para ti...

Lice...