sábado, 26 de abril de 2008

Tessitura poética



Áspera luta


É presente,
e é passado,
o antigo desejo.


É manifesto lampejo,
intermitente,
e à morte fadado.


Assim que germina,
prisioneiro é
do útero carnal.


Torna-se banal
receptor de quimeras,
de estranhas faces.

E respira,
e transpira,
pela solitária sorte.


Da vida consorte,
fadado à morte,
suspira por sonhos
intensos,
de intensa liberdade,
e vive a fragilidade,
e pesadelos imensos,
em fragores medonhos.


Sobre si o estoque
bipolado da vida
em lâmina navalha.
Dois gumes bifurcantes
que cortam e esfacelam
por onde quer que vá,
negando-se os lumes.


Nada é
na essência vivificante
precedida pela existência
antes da criação.
Nasce.
E torna-se gérmen
do que planta pela própria mão.


Tu!
Que lutas imenso
contra toda torrente.
Tu!
Que já nasces decadente,

Talvez!

17 comentários:

Bianca Feijó disse...

"Nada é
na essência vivificante
precedida pela existência
antes da criação.
Nasce.
E torna-se gérmen
do que planta pela própria mão."

Gostei muito desse seu texto!!!!!!!!

Algumas levarei comigo, por muito tempo!

B.E.I.J.O.S

Daniel disse...

Olá

Gostando dessoutra arte, que é o tratamento da palavra, de maneira poética, achei muito bem conseguida, esta poesia.
Mais uma motivação, um convite ao raciocínio!
Uma particulidade dos poemas!

Daniel

Sahmany - Sandra Mara disse...

Bom dia!!!
Vim agradecer a visita.
Bacana teu tua casa. Volto com mais tempo pra ler tá?
Abraço e bom domingo.

Lúcia Laborda disse...

Oie meu amigo lindo! Estou tentando um retorno, ainda que lento, pela saudade dos amigos e agradecendo o carinho e apoio.
Mas seu poema apesar de triste é real e muito bem escrito. Infelizmente, temos diariamente essa triste cena, em nossa terra.
Bom domingo! Boa semana!
Beijos

Alice Matos disse...

"...Sobre si o estoque
bipolado da vida
em lâmina navalha..."

Esta é a parte racional da vida em poema... descrita com arte... vestida de beleza...

Beijinho para ti...

Sandra Fonseca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandra Fonseca disse...

Gostei muito do seu texto. É a metáfora do ser, a poética da vida.
Um abraço,
Sandra

Adriana disse...

Como sempre muito lindo!

Sandra Daniela disse...

... como sempre que cá venho, com uma bela conjunção de palavras, fico eu sem comentários... apenas: - Lindisssino!!!


beijinho

Maristeanne disse...

Efvilha,

Lendo-te hoje, abrir uma fenda na alma trazendo dores no corpo como sal na ferida.

E este mundo decadente sem esperança que deixa...os seus/os nossos/ à espera “da solitária sorte” da morte do nada!?

Sem esperança...resta ainda uma lágrima no fundo do olho como um canto agourento.

Belíssima conjunção de imagem e poema!

(a)braços e flores de girassóis :(

SAM disse...

Maravilhoso poema de met�foras filos�ficas.

Beijo

Menina do Rio disse...

É uma descrição e tanto do que somos!

um beijo

Meg disse...

Caro Amigo, a minha ausência, o meu estado ânimo hoje, a minha vontade de desistir que só não foi avante porque tenho mais amigos do que pensava, tudo disto encontrarás no meu blogue novo - o outro foi destruído - onde espero uma visita tua, nem que seja só para uma forcinha!!! O que aconteceu não foi nada poético!

Um abraço

Maria Clarinda disse...

Lindo este teu poema...paalavras para qu�?
Jinhos

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá meu querido Amigo... Lindo, belíssimo e todos os adjectivos possíveis... Mais palavras para quê... Está tudo dito por ti!!!
Beijinhos de boa noite,
Fernandinha

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá meu querido Amigo... Lindo, belíssimo e todos os adjectivos possíveis... Mais palavras para quê... Está tudo dito por ti!!!
Beijinhos de boa noite,
Fernandinha

Martinha disse...

Uma bela tessitura poética :)
Os desejos que brotam em nós são sempre indispensáveis à nossa vida. Mesmo se forem desejos maus ou prejudiciais, se eles não existissem, não dariam o sentido que dão à nossa vida.

Beijo *
Passarei mais vezes.