segunda-feira, 1 de maio de 2006

Paz!

 Perdoam-me pelo título, pois que não vou falar de paz.
Muito menos ficar indiferente ao inferno vivido por São Paulo, ontem, 13 de maio, e ainda hoje. São Paulo, um lugar que tantas alegrias e liberdade me proporcionou, quando morava em Santo André, mas adorava minhas cumplicidades com a próxima São Paulo. Isso, há muito tempo atrás.
Estou aqui, nesta pequena cidade do oeste do Paraná, desde 1980. E o São Paulo, daquela época, me oferecia a liberdade, a tranqüilidade de poder caminhar por suas avenidas e ruas, sem os sustos que os paulistanos vivem agora. Ia-se a qualquer lugar, a qualquer hora do dia ou da noite, sem ter de levar junto a si o pavor da violência animal de hoje. Sou Paulista, e tenho orgulho de ter nascido nesse estado, em condições excepcionais, na cidade de Neves Paulista, próxima a São José do Rio Preto. Explico, o porque da condição excepcional: o médico da cidade onde morávamos, e morávamos numa fazenda, num determinado momento da gravidez da minha mãe, falou a meu pai que, nós dois, não sobreviveríamos ao parto, e meu pai, sabe-se lá porque, resolveu então levar-nos para Neves Paulista. Assim, pois, estaríamos próximos aos nossos parentes, para ali  morrermos, os dois. Isso, em 1944. Minha tão amada mãe, faleceu em 19 de abril de 1992. Eu? Estou aqui, a escrever estas linhas.
Creio que devamos levar no pensamento esse episódio da minha vida, e ligá-lo, de alguma forma,
aos destinos do nosso querido Brasil.
Porque fiz esse desvio de pensamento? Porque amo o Estado no qual nasci. E ontem, 13 de maio, e hoje, ele vive a opressão vergonhosa das rebeliões em vários presídios, e o ataque covarde de bandidos às forças policiais, gente como eu e você, cuja missão profissional é mater a ordem e dar ao cidadão de fato, a libedade de ir e vir em segurança, de estar em sua casa sentindo-se num lugar sagrado e protegido que é o lar, de sair para o entretenimento ou mesmo para atender a alguma urgência ou contingências da vida, e saber que o faz com um mínimo de segurança.
Esses ataques nos atingiu a todos. Não só aos profisionais da segurança pública. Foi uma afronta a cada paulista ou paulistano. A cada um dos brasileiros, e até mesmo aos nossos irmãos extrangeiros que estão visitando o nosso país neste momento. É uma afronta à humanidade.
Eis que uma matilha de homens-lobos, através do matraquear de metralhadoras, estampidos de fuzis e revólveres, explosão e estilhaços de granadas, nos lançam a todos uma afronta sem igual.
E tudo isso - é minha opinião - porque nossos legisladores, por algum motivo ignorando nossa evidente e cruel desigualdade social, nossos sérios problemas sócio-econômico-culturais, não podem fazer decalques de leis e direitos que funcionam em países cuja realidade é bem outra.
E preocupa-me, demasiado, quando os meios de comunicação mostram discursos que me soam utópicos, irreais diante do cenário verdadeiro de violência desmedida,
e no qual se passa a nada virtual violência que atinge e afronta a nossa existência.
Nossa constituição, um emaranhado indissolúvel - me parece - de direitos e deveres, um labirinto que atende perfeitamente aos espertalhões que se escudam na "Lei de Gersom", que é levar vantagem em tudo, se valem de uma profusão, e confusão, de inconstitucionalidades, de escaninhos escusos das nossas leis,  para fazer e aprontar o que bem entendem.
Nosso Poder Judiciário, está à deriva num oceano imenso de processos e, com certeza - sem aqui pretender diminuir seus méritos - vive cercado por ladinos e espertalhões conhecedores das fraquezas da nossa constituição e leis, um bando de vorazes tubarões aproveitadores, predadores da melhor estirpe. E, por isso, há esse sentimento, quase certeza, da impunidade, ou que ela chega, quando chega, a passos de tartaruga.
O Executivo? Quando a nossa sociedade irá se despetar para o fato de que vivemos sob um regime Presidencialista que tem apenas uma ferramenta para agir, que são as Medidas Provisórias, pois que a Presidência é refém do Poder Legislativo? E ainda nos exaltamos quando nos deparamos com tantos "artificiodutos", que só servem para alimentarem negociatas, e explorarem os nossos suados e pesados impostos. Qualquer Presidente que tivermos, continuando essa mesma estrutura política, vai ter, sim, que pagar algo para ter em troca apoio ao seu programa de governo. Nos exasperamos porque temos os olhos fechados para essas questões, que exigem uma revolução no nosso sistema de desGoverno.
A praça dos três poderes, é uma praça de guerra onde só se degladeiam aqueles que defendem interesses escusos, e cercada por uma sucessão de camarotes de onde ululam os lobistas (para não dizer chacais), que querem levar vantagem em tudo, nos interesses minoritários.
Os políticos, parece-me, vêem o Brasil como uma gigantesca fazenda. E cada qual é capataz de um curral, e é apenas com esse curral que se preocupam, 
ainda como era no tempo  dos "coronéis". Cada partido vê apenas o seu próprio umbigo, e os representantes eleitos sob sua sigla, ou agem segundo a diretrizes dos "donos" do partido, o que é normal acontecer, ou apenas pensa, como capataz, apenas no seu próprio curral. O Brasil, esta tão nobre nação, tem o mérito de produzir, e muito, o que facilita o enriquecimento rápido dessa corja de chacais.
E a realidade do nosso país, aparece como pano de fundo no qual fluem os descasos com a educação (os 20% reprovados nas primeiras séries das escolas); com as questões agrárias;
com as questões dos bolsões de miséria que recebem apenas ajudas paliativas; e que bandidos têm mais regalias que o cidadão comum; apenas para não esticar demais o rosário de problemas sociais, culturais e estruturais que temos.
E eu que dei como título a esta postagem: Paz!
Peço, então, caro(a) leitor(a), que veja o título como uma bandeira erguida em favor da PAZ, e que tenhamos a sorte de que novos ventos comecem fazê-la tremular, trazendo-nos, já não sem tempo, os benefícios que o lema escrito na nossa Bandeira Verde/Amarela, herança do positivismo, promete: "Ordem e Progresso".
Esqueçamos o positivismo. O que precisamos, mais que tardiamente, é unir-nos como um povo cidadão, como já o fizemos nos tempos das "Diretas já", ou na reunião nacional dos "Caras pintadas". Necessitamos de uma alta dose de confiança e otimismo, e de que este país precisa, sim, de nós, seus cidadãos, engajados numa luta por reformas profundas nos três poderes que ... Os políticos, esses que cumpram ao pé da letra os anseios da Nação.
É, afinal, para essa finalidade que são por nós eleitos.

2 comentários:

G bloG disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
G bloG disse...

Meu caro,
Deste lado do Atlântico, também compartilho e acompanho, com sentimento, as suas preocupações. Aliás, não devem ser só suas, muitos brasileiros devem sentir o mesmo.
Um abraço fraterno,
G bloG