segunda-feira, 12 de junho de 2006

Tessitura sobre tela


Décimo ciclo (2001)



Dizem! Um signo imagético, uma pintura, deve falar por si mesma. Haveria, então, um diálogo silencioso entre a imagem e a mente que a observa. Desse diálogo nasceria a produção de sentidos, segundo o grau de sensibilidade do observador.
Eu compreendo isso. Pois vá dizer o mesmo para a minha alma. "Geniosa", no sentido de teimosa, ela, que produziu essa pintura, quer porque quer meter-se no meio e, então, descaradamente, insiste em dizer o que pensa. Diz ela, que assim pensou, quando por pintura se expressou. A compreendo. Emprestando meu ouvido, em exposições feitas em colégios, ela ouviu mais de uma vez alguém simplesmente olhar para a tela e dizer: - É apenas um velho, lendo. Depois disso, Eu, pobre matéria, irei impedi-la de falar? Não ouso. Então?
Assim ela diz:O solidéu nada tem a ver com religião. Apenas é cobertura para o ambiente onde acontece o Saber.Barbas e cabelos brancos, nada tem a ver com a velhice. Pois o espírito, sempre jovem e jamais acabado, a cada nova leitura um aprendizado novo.Os olhos, linhas que se cruzam com linhas da escrita, atentos, dominando todos os outros sentidos, buscam sentidos construídos pelos signos da língua encrita.O livro, alfarrábio, lembra que jamais os velhos saberes devem ser preteridos ao apenas novo.Uma janela, embora a transparência do vidro, lembra que, somente à matéria cabe a submissão a um cárcere qualquer. À alma, livre, harmoniosa, resplandecente de luz e, por isso, saudável; a esta não retém cárcere algum. Está sempre à busca de novas fontes, de novos mundos, de novos saberes. A esta, poder algum pode submeter à prisão.A clepsidra, pois que verte o denso líquido sanguíneo, lembra que há tempo para tudo, do mesmo tempo que há para todos, e que o seu entorno, ou seu girar, obedece à preferência que cada um escolhe para si.A cruz, esta nada tem a ver com a morte, com o holocausto. Pois, até tornar-se cruz e ver em si consumado o sacrifício, foi trabalho, e ao trabalho representa. A busca pelo Saber exige trabalho, pois para o madeiro transformar-se em cruz, instrumento de sacrifício, exigiu trabalho.Não há morte nas cores frias. A quem confia, sempre haverá uma abertura, uma janela, uma porta, ou o mundo livre junto à anatureza, onde a luz chega e afugenta quaisquer trevas.
O que eu pude fazer? Emprestar a essa alma que me habita, meus sentidos, e as mãos que, apenas, executaram o que ela pedia fazer. Posted by Picasa

3 comentários:

Bea disse...

Obrigada pela sua visita! Eu estou aprendiendo a falar portugues.

Voce e de Cancer o Leo???

Un gran saludo desde Punta del Este!

antoñita la fantástica disse...

gracias por tus palabras amigo...

me sentí muy bien al leerle...hicieron magia en mi.

volvere...no hablo portugues pero entiendo...volvere amigo

un beso grande

Montse disse...

Gracias por tu comentario en mi blog. Si tú entiendes mi idioma y yo entiendo tu idioma (lo puedo leer, aunque no lo pueda hablar)podemos estar en contacto perfectamente a través de los respectivos blogs. ¡Ojalá sigamos visitándonos!
Un beso desde mi Mediterráneo,
Montse (Arare_)