quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Chronos, devorador de vidas e de sonhos - 11



(parte 11)

Na manhã seguinte, o zeloso amigo e a esposa que o levaram ao sarau, fizeram-lhe uma visita, preocupados que estavam com a sua retirada antecipada.
Depois de o perceberem um pouco restabelecido, falaram do que ocorreu após sua saída. O trio de cordas havia feito magnífica apresentação. Depois, acompanhado por instrumentos de cordas, um casal de sopranos cantou árias e duetos. E encerraram o sarau.
Não foi preciso que perguntasse aos amigos pela jovem pianista. Disseram-lhe que, depois de terminado o sarau, tiveram chance de cumprimentá-la. Um encanto de pessoa. Ficaram sabendo, por terceiros, de quem se tratava.
Ela havia demonstrado um talento precoce. Recém entrada na adolescência, mesmo que contrariada, foi enviada para a Europa para ali complementar os seus estudos, da música principalmente, mas também de línguas e das ciências humanas, em preparação à brilhante vida que a esperava mundo afora como futura concertista, assim pensavam os pais.
Ficara por pouco mais de doze anos em exclusiva dedicação aos estudos. Mesmo durante estes fizera algumas apresentações encantando seletas platéias européias. Ainda estudante recebera convites para fazer concertos, aos quais se recusara a atender. Seus planos talvez fossem outros.
O casal de amigos mal havia saído, eis que chegam outros dois. Estes traziam um convite para que ele fosse ao concerto da orquestra que se apresentaria no dia seguinte. A princípio recusou alegando que deveria evitar ambientes fechados. Os amigos haviam pensado nisso. Haviam providenciado um lugar que recebia boa ventilação, e do qual poderia sair, se precisasse, sem perturbar as pessoas. Ele ponderou, e disse que iria.
Foi quase dos últimos a chegar. Os músicos já estavam nos últimos preparativos para receberem o maestro. Sentou-se, percorreu os olhos pela platéia, reconheceu e cumprimentou algumas pessoas. Uma presença, e um olhar insistente na sua direção, chamou-lhe a atenção para um dos camarotes próximos. Acolheu, surpreso e gratificado, um discreto cumprimento e um suave sorriso, de ninguém mais que da bela pianista da qual se encantara na noite do sarau. Por breve instante relutou em corresponder, suspeitando que não fossem dirigidos a si. Quando respondeu, e dela recebeu um novo sorriso, sentiu um delicioso frenesi percorrer-lhe todo.
As luzes esmaeceram, e o maestro se colocou diante da orquestra. Em breves instantes os acordes vigorosos preenchiam os espaços da sala de espetáculos. Nos momentos de maior enlevo e suavidade da música, ouve novas trocas de discretos olhares. Em sua mente, um turbilhão de pensamentos. Questionava-se, de como ela poderia dele se lembrar a partir de tão fugaz momento acontecido no sarau. Ele, devido ao arrebatamento daqueles instantes, a reconheceria sem dúvidas. Mas, ela? Isso o encantava, e a música executada no concerto, envolvente, produzia nele lampejos de maravilhosos sentimentos.
Terminada a primeira parte do concerto aconteceria o intervalo. Haviam anunciado que alguns músicos, brindando a platéia, fariam algumas evoluções musicais. Esse fato reteve a grande maioria do público nos seus lugares. Passado o momento em que as pessoas se dirigiam ao amplo salão da entrada, ele percebeu que o camarote onde a pianista estivera, estava vazio.
Levantou-se, encaminhando-se para o hall. Posted by Picasa

3 comentários:

Alvaro Gonçalves Correia de Lemos disse...

Oi amigo,

Hoje passei por aqui apenas para te desejar um lindo fim de semana e uma semana cheia de luz em teu coração.
E claro também li e amei mais uma vez "chronos".
Xi - corações mil.

Mia Alari disse...

Olá, faz tempo que aqui não comento! Adorei o chronos-11, aguardo ansiosamente o 12 em diante.
um beijo

Alvaro Gonçalves Correia de Lemos disse...

Oi amigo,

Hoje passei por aqui apenas para te desejar um feliz fim de semana e uma semana cheia de luz em teu coração.
Xi - corações mil.