quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tessitura Poética

Pó e seixos

O tempo,
indiferente e pegajoso,
quase maldito no seu desdém pela minha mortalidade.

Desliza, o tempo,
como o rio ácido que corrói minha carne, meus ossos,
e desfaz em pó os meus sonhos.

É uma canalhice o tempo ser sempre novo
quando tudo o mais em mim se faz velho,
e no seu leito de ácido volátil,
nada mais deixa que pó e seixos de vidas terminadas,
e por mim com ânsias vividas.

Entre os pós e os seixos estão os meus sonhos,
os meus desejos de beijar teus lábios,
os teus seios,
sugar tuas seivas carnais,
em gozos mortais para tudo o mais;
se o tempo tivesse me dado:
o tempo de ter-te nos meus braços de amante,
e você, minha mulher...
o tempo passou como um rio.

O tempo, como um rio, passou.

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