quinta-feira, 29 de junho de 2006

Poema Emprestado!

 Este, aviso, não é de minha cria.
Empresto-o, por dizer o que eu diria.


O QUE É LETRAMENTO?


Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente,
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor;
telegrama de parabéns e cartas
de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.

É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo o que você pode ser.

Criado por: Kate M. Chong – estudante norte-americana, de origem asiática.
SOARES, Magda. LETRAMENTO um tema em três gêneros. 2. ed. 8. reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.


terça-feira, 27 de junho de 2006

Chronos, devorador de vidas e de sonhos. ( 3 )

(Parte 3)

Esse novo golpe, e mais a necessidade que meu pai via em freqüentarmos uma escola, levou-nos a ir morar na cidade.
Junto com a última carga de algodão, outro caminhão levava nossa mudança rumo à cidade que eu desconhecia. Um ambiente novo para mim. Lá chegados, meu irmão já havia passado da idade para ir à escola. Minha irmã, mesmo sendo meados do ano, feitos alguns testes, foi aceita na primeira série, e não teve problemas para ir adiante. Por insistência do meu pai, foram feitos alguns testes comigo e, de alguma forma, embora não tivesse idade ainda, fui aceito, mas, como ouvinte. Que fascínio, e que descobertas ali aconteceram. No ano seguinte, já matriculado regularmente, iniciei oficialmente os meus estudos.
O trabalho na cidade, tanto para meu pai, como para o meu irmão adolescente, era duro. As colheitas de café ou algodão que aconteciam próximas da cidade, atraíam minha mãe, que assim fazia sua parte para ajudar no que pudesse.
Em pouco mais de um ano moramos em três casas diferentes, alugadas. Depois de tanto trabalho, e vendendo as reservas de cereais e café depositados em confiança em armazéns na cidade, meu pai comprou uma casa que atendia aos seus planos; espaçosa, com três quartos, duas salas, a cozinha e duas varandas. Nos fundos, um pequeno depósito e um abrigo que vieram a ser muito úteis. O que era melhor. Do outro lado da rua ficava a escola na qual estudávamos, eu e minha irmã. O terreno também era grande, o que permitiu fazer, de uma parte, um pequeno piquete. Junto com a casa, meu pai comprou uma carroça e um belo cavalo baio. Assim, transformou-se num comerciante itinerante.
O que isso implicava? Na parte traseira da carroça foi alocado um engradado; logo adiante, duas a três caixas recheadas com casca de arroz, e duas malas repletas de utilidades domésticas necessárias a gente que morava longe da cidade. Ali ele levava desde tecidos, agulhas, linhas, botões, sabonetes, perfumes, entre tantas outras bugigangas. Percebera essa utilidade com os mascates que nos visitavam regularmente nas fazendas.
Saía muito antes do sol aparecer e, na maioria das vezes, voltava com a noite. O engradado vinha repleto de frangos gordos, e as caixas, com ovos. Nisso, havia troca de mercadorias, ou a compra efetiva das aves e ovos, dependendo da ocasião. Naturalmente, trazia uma lista de encomendas que seriam levadas na próxima viagem. Cada itinerário era cumprido em aproximadamente a cada quinze dias. Duas vezes por semana, nas quartas-feiras à noite, e no final da tarde de sábado, vinha um caminhão recolher as aves e os ovos, levando-os para a capital.
Embora sacrificado, pois não havia descanso, meu pai saindo de casa em dia de sol ou chuva, os negócios prosperaram. Acabamos por nos adaptar à vida na cidade e, com o seu trabalho, ele foi ficando conhecido e construindo relações de amizades com seus fornecedores e clientes.
Num dos itinerários havia um grupo familiar, constituído por três irmãos e dois primos, descendentes de italianos. Juntos, compraram uma fazenda e a dividiram em cinco sítios muito bem organizados. Todos eram casados. Cada qual, após muito planejarem, construiu sua casa de tal modo que ficavam próximas uma das outras, formando como que uma pequena vila. E foi justamente desse núcleo de parentes, que surgiu a melhor das relações de amizade do meu pai. Tanto, que insistiam muito com meu pai para que nos levasse até lá para nos conhecerem. Posted by Picasa

domingo, 25 de junho de 2006

Efemeridade!

 Há um tempo para tudo.
Mas, às vezes, nos falta tempo para um quase nada.
Assim como há um tempo para cada fase da vida da borboleta,
deve haver um tempo para cada coisa que fazemos.
Ler demanda tempo e, às vezes, não há tempo.
Para isso, para nos ordenarmos no tempo da leitura, 
há  oa marcadores de páginas.
Pensando nisso, e em você que me visita, quase sem tempo,
já estou diminuindo o tamanho das minhas postagens.
Estas, a partir de "Chronos...", se muito longas, além de um máximo
que caberia numa folha tamanho A4, eu as postarei em partes.
Assim, se você achar interessante, poderá usar teu tempo,
e ler as seqüências sem o cansaço e o tédio.
Faço isso vencendo uma resistência  à minha alma que quer porque quer
usar o tempo só para ela, e porque penso na tua que também precisa do mesmo tempo.
Gentileza, entre almas.
Posted by Picasa

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Baile de formatura



Violas, violinos e violoncelos.
Vibram as cordas.
Ecoa o som pelo salão,
É a valsa vienense.

Rodopiam os pares.
Riscam o chão,
As sapatilhas das mulheres.
Rostos avermelhados.
Corações afogueados.

Saias que bailam,
Brancas,
São tantas, felizes,
Encantam,
Tontas dos rodopios.
 Posted by Picasa

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Tessitura sobre tela

Alegorias de Angola (2003)


Apenas a celebração de um povo que busca, como em um sonho, a liberdade de se constituir em Nação. Posted by Picasa

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Esse trem do tempo

Tempo!
Imenso.
Bárbaro.
Eterno!


Coisa...
Que às vezes a gente não tem.
Muito se assemelha ao trem.


O passado
é a carga.
Vagão cheio.
Comboio, afinal.


O presente.
O momento estridente,
do apito
no trilho estreito,
fio de navalha.


O futuro...
são as curvas.
Magia do sim e do não.
Oscilar entre diferença e repetição.
Encruzilhadas que,... por sinal...
Certo!
Há a ponte caída no final.